Os principais partidos, as lideranças políticas mais destacadas, e o núcleo duro do governo Michel Temer foram para o sal.
Andrei Meireles – Blog Os Divergentes
Como se esperava, o tsunami chegou forte. Ainda não se sabe qual o tamanho do estrago. Tem muita coisa ainda inédita, como planilhas, movimentações bancárias aqui e no exterior, e-mails etc. Mas, pela revelação de quem está sendo investigado e pelo o que, os primeiros depoimentos parcialmente transcritos, alguns áudios e vídeos, é devastador.
Os principais partidos, as lideranças políticas mais destacadas, e o núcleo duro do governo Michel Temer foram para o sal. Como Helena Chagas já observou, a narrativa do Caixa 2 perdeu a serventia justamente para quem mais interessava – a elite política tucana, petista e peemedebista.
Quem teve cacife para disputar para valer o poder no país desde o fim da ditadura pulou da berlinda para a fogueira.
Lula, Aécio, Serra, Alckmin, Renan, Eunício, Collor, Rodrigo Maia, Eliseu Padilha, Jucá, Moreira Franco, Sérgio Cabral, Palocci, José Dirceu, entre muitos outros, não estão sendo investigados por terem recebido dinheiro sujo do Caixa 2, que também é crime.
Todos eles vão responder, também, por corrupção. Evidente que não devem ser condenados antes de serem julgados, embora os indícios contra boa parte deles são arrasadores.
O desgaste político, no entanto, é fatal. Com ou sem eles, o sistema político faliu. O problema é o que colocar no lugar. Não dá mais continuar, digamos a la Jucá, com essa suruba entre o público e o privado no país, às custas do contribuinte e de todas as mazelas nacionais.
A reforma política arquitetada no Congresso mais agrava do que resolve a questão. Não dá para esconder candidatos e nem continuar cobrando a conta da população concedendo mais dinheiro para partidos e políticos tão desacreditados.
Só a democracia resolve. A Justiça deve apurar e julgar todas as denúncias, sem que o Congresso meta o bedelho com anistias e acordões espúrios.
Só a democracia resolve. Todas as saídas têm de ser constitucionais.
Quem deve dar a última palavra é o eleitor.
Talvez seja o caso de pensar seriamente em uma Constituinte para a promoção de uma profunda reforma política. O problema é como convocá-la e com que regras elegê-la.
A conferir.