Juiz se mostra cético com efeitos de grandes investigações e critica lentidão do judiciário.
O Globo
SÃO PAULO – O juiz federal Sérgio Moro se mostrou cético com os efeitos da Operação Lava-Jato sobre a corrupção no país. Segundo ele, investigações de grande repercussão, como o mensalão e o próprio esquema na Petrobras, não resolvem o problema por si só. Moro participou de debate sobre combate à corrupção em São Paulo na tarde desta quinta-feira.
— Fico me perguntando se, por vezes, estamos adotando uma posição muito cômoda em acreditar que casos como esse (Lava-Jato) são uma solução (para combater a corrupção no país) — questionou Moro.
Para reforçar a tese, o juiz citou a Operação Mãos Limpas, que combateu a corrupção na Itália nos anos 90. O juiz afirmou que a sensação de punibilidade não aumentou na população italiana apesar de mais 5 mil indiciados e a ampla repercussão no país. O magistrado brincou ao lembrar o número de prisões preventivas feita pela Promotoria de Milão, que conduziu as principais ações na Justiça italiana. Lá, mais de 800 pessoas foram presas.
— Quando me criticam por cada prisão preventiva penso nisso (nas prisões feitas na Itália).
A Operação Mãos Limpas é usada comumente por Moro para ilustrar situações análogas as que ocorrem, hoje, na Lava-Jato. Ele citou a naturalização da propina nas instituições públicas italianas e afirmou que fazia parte da “regra do jogo”.