Otávio Azevedo estava em prisão domiciliar há cinco dias.
Agência O Globo
BRASÍLIA — O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo foi levado novamente para a carceragem da Polícia Federal em São Paulo na tarde desta quarta-feira. A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que está à frente das investigações sobre fraudes na Eletronuclear, uma das novas frentes da Operação Lava-Jato. Azevedo estava em prisão domiciliar desde sexta-feira por decisão do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O executivo estava em casa, em São Paulo, quando foi surpreendido no fim da tarde de quarta-feira por agentes da Polícia Federal, que cumpriram o novo pedido de prisão. Segundo a assessoria de imprensa da PF, Azevedo passará a noite na carceragem do órgão na capital paulista e seguirá na manhã de quinta-feira para o Rio. A defesa do empresário informou que pedirá à Justiça, na quinta-feira, a revogação da prisão.
O juiz Sérgio Moro autorizou o dirigente deixar o Complexo Médico Penal, em Curitiba, e acompanhar os desdobramentos das investigações em casa, em São Paulo, depois da conclusão do acordo de delação premiada do executivo com a força-tarefa do Ministério Público no Paraná. Bretas entendeu, no entanto, que a decisão de Moro não teria força para revogar o mandado de prisão que, ao longo das investigações sobre as fraudes na Eletronuclear, ele expediu contra o executivo da Andrade Gutierrez.
Os dois, Bretas e Moro, são juízes federais. A decisão de um não tem repercussão automática sobre a decisão do outro. O advogado Juliano Breda, responsável pela defesa de Azevedo, disse que vai pedir ao juiz do Rio que reconsidere a ordem de prisão. Para ele, não há motivos para que o executivo volte à cadeia.
— Vou pedir que ele (Bretas) tome a mesma decisão do juiz Sérgio Moro. A prisão é desnecessária, não se configuram mais os elementos da prisão preventiva — disse Breda.
O processo sobre as irregularidades na Eletronuclear foi remetido ao Rio ao ser desmembrado das ações da Lava-Jato que correm em Curitiba. Entre os réus neste processo, está o ex-presidente da Eletronuclear Othon Silva, suspeito de receber R$ 4,5 milhões em propinas. Ele está em prisão domiciliar.
ACORDO DE DELAÇÃO NA LAVA-JATO
Otávio Azevedo havia sido preso durante a 14ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada em junho de 2015. Desde outubro, ele negociava colaborar com a Lava-Jato, assim como o ex-diretor da construtora, Elton Negrão, que também foi solto no dia 5 de fevereiro.
A delação de Otávio Azevedo é vista pelos investigadores da Lava-Jato como a peça chave para desvendar o esquema de pagamento de propina no setor elétrico. Além disso, durante as negociações, os executivos teriam afirmado que poderiam detalhar um esquema de corrupção nas obras para as Olimpíadas do Rio.