Filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov foram os premiados desta edição; segundo Comitê Nobel Norueguês, os nomes representam toda a classe jornalística
A filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov conquistaram nesta sexta-feira, 8, o Prêmio Nobel da Paz por “por seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, que é uma pré-condição para a democracia e a paz duradoura”. Segundo Comitê Nobel Norueguês, a escolha de Maria e Muratov representa todos os jornalistas. A filipina usou o jornalismo como ferramenta para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal. Em 2012, ela foi cofundadora da Rappler, plataforma de jornalismo investigativo. A jornalista ganhou destaque ao denunciar a campanha antidrogas do governo de Rodrigo Duterte.
Dmitry Muratov também fundou um veículo próprio, o jornal Novaja Gazeta. Há 24 anos como editor-chefe, o russo de destacou por comandar um dos jornais mais independentes do país com fortes críticas à gestão de Vladimir Putin. “O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do jornal o tornaram uma importante fonte de informação sobre aspectos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação”. diz nota do prêmio. A posição do veículo gerou uma forte onda de violência. Desde o início do Novaja Gazeta, seis de seus jornalistas foram mortos.
De acordo com a premiação, o “jornalismo gratuito, independente e baseado em fatos serve para proteger contra o abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra”. Em seguida, o Comitê Norueguês do Nobel defendeu que esses direitos são pré-requisitos essenciais para a democracia e protegem a população contra guerras e conflitos. “Sem liberdade de expressão e de imprensa será difícil promover com sucesso a fraternidade entre as nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor. A concessão deste ano do Prêmio Nobel da Paz está, portanto, firmemente ancorada nas disposições do testamento de Alfred Nobel”, concluiu.