No encontro, que durou quase quatro horas, parlamentares pediram ao petista para evitar a pauta de costumes e focar na democracia e em “feitos do passado”
O jantar organizado por Eunício Oliveira ontem em Brasília se transformou numa espécie de reunião de aconselhamento a Lula, que tem surpreendido o meio político com declarações consideradas ‘fora do tom’, até mesmo pelo PT.
Nas últimas semanas, o petista disse que a Ucrânia poderia ter evitado a invasão russa com uma “cervejinha”, defendeu o abordo, incentivou o assédio da militância contra parlamentares e ameaçou banir os militares do governo.
Alguns dos participantes, ouvidos por O Antagonista, avaliam que Lula está “à vontade demais” e que “parece ter perdido a cautela que lhe era característica”. “Ele repete a toda hora que está com tesão de jovem e que o Brasil vai conhecer um Lula que nunca viu”, diz um cacique, que participou da conversa.
Outro interlocutor contou que o petista ouviu ontem apelos para que evite a pauta de costumes, para não dar palanque a Jair Bolsonaro, e concentre seu discurso no “legado de obras e empregos”. O ex-presidente debochou: “Fui coroinha. Sou mais conservador que o Bolsonaro.”
Ao fim do jantar, mais relaxado, Lula concordou com apelos de senadores, como Omar Aziz e Renan Calheiros, para que reforce no discurso a “defesa da democracia” e diga ao eleitor que “essa campanha é diferente das outras, não é entre direita e esquerda, mas entre democratas e autoritários”. Lula também foi aconselhado a parar de falar em “controle da imprensa”.