Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do Grupo J&F e da JBS, personagens conhecidos no noticiário policial, pagaram R$20,8 milhões ao advogado Rodrigo Pimentel, filho de Sideni Soncini Pimentel, desembargador afastado do Tribunal de Justiça do Mato Grosso por suspeita de venda de sentenças. O advogado foi alvo de busca e apreensão em três endereços durante a operação Ultima Ratio, da Polícia Federal, deflagrada no dia 24 passado.
De acordo com reportagem do jornal Correio do Estado, a montanha de dinheiro (exatamente R$20.857.199,71 ) foi paga durante o curto período de nove meses, de dezembro 2022 a agosto de 2023.
De acordo com a PF, os valores podem ser maiores, pois esse valor é referente apenas ao período em que ocorreu a quebra do sigilo bancário do escritório Pimentel & Mochii Advogados Associados. Um dos sócios de Rodrigo Pimentel é Lucas Mochi, filho do deputado estadual Junior Mochi (MDB), já em seu quarto mandato na Assembleia Legislativa.
Deputado enrolado
Conforme a Polícia Federal, o advogado filho do desembargador afastado também é sócio do próprio deputado na empresa B&B Representação, Soluções Medicas e Diagnósticas Ltda, que possui o mesmo endereço do escritório”. A empresa, embora receba uma série de transferências bancárias, não tem um único funcionário, destaca a PF.
O relatório da PF destaca que “considerando que a JBS já esteve envolvida em esquema de corrupção conhecido nacionalmente, inclusive com pagamentos para autoridades de Mato Grosso do Sul, os altos valores das citadas transferências para o escritório de Rodrigo Pimentel em curto período e as suspeitas de envolvimento dele em esquema criminoso, o prosseguimento das investigações poderá esclarecer se há algum crime relacionado a tais pagamentos milionários”.
Dinheiro saiu da JBS
Nos nove meses, foram seis transferências bancárias e todos saíram do frigorífico JBS, que tem duas unidades em Campo Grande e uma em Naviraí. Os irmãos Batista, porém, tem outras duas grandes empresas no Estado.
Em Três Lagoas os Batista são acionistas majoritários da fábrica de celulose Eldorado e disputam com a Paper Excellence, da Indonésia, o controle da empresa que produz 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano e que obteve lucro líquido de R$ 395 milhões somente no terceiro trimestre de 2024.
Além disso, a dupla também é proprietária da principal empresa de mineração em Corumbá. (Diário do Poder)