De acordo com a Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP), o fóssil do dinossauro foi levado de maneira ilegal para a Alemanha
Diário do NE / Foto: Ilustração de Bob Nicholls/Paleocreations.com 2020
A polêmica em torno da recusa do museu alemão em devolver o fóssil do dinossauro batizado de Ubirajara jubatus, encontrado no Ceará, tem repercutido nas redes sociais. Internautas, principalmente os da comunidade científica, desenvolveram uma campanha para que o espécime retorne ao país de origem.
Eles compartilham artes e hashtags em diferentes idiomas. A UbirajarabelongstoBR (“Ubirajara pertence ao Brasil”, na tradução livre para português) foi usada por perfis estrangeiros que apoiam a causa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP), o fóssil do dinossauro foi levado de maneira ilegal para a Alemanha. Um abaixo-assinado também foi criado com o pedido de repatriação do material biológico.
Em 9 de setembro, o Museu de História Natural de Karlsruhe (SMNK), onde o fóssil do dinossauro está atualmente, fez uma publicação no Instagram e no Facebook defendendo que os vestígios do animal era de propriedade alemã, já que foi importado seguindo os regulamentos da época.
POSICIONAMENTO
A ação aconteceu depois que houve uma mobilização nas redes sociais do museu alemão para a repatriação do material biológico ao Brasil.
“Por favor, entendam que iremos deletar comentários sobre Ubirajara em todas as outras postagens que não tenham nada a ver com este tópico. Da mesma forma, desativaremos os comentários em nossas postagens mais antigas”, escreveu a instituição para responder aos pedidos, que continuaram.
CONTRIBUIÇÃO PARA OS ESTUDOS NO BRASIL
A cientista brasileira Aline Ghilardi é uma das integrantes do movimento. Ela se mostra contra a ideia de que o fóssil do dinossauro continue na Alemanha.
“No Brasil temos sucesso de paleontólogos e paleontólogas produzindo ciência de qualidade reconhecida internacionalmente. Estes fósseis podem originar trabalhos por nossos cientistas excelentes e também pode estar formando novos cientistas por aqui”.
ENTENDA O CASO
O fóssil foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, na Formação Crato, e levado para Alemanha em 1995. Ele viveu no período Cretáceo, há cerca de 110 milhões de anos.
O dinossauro tinha o tamanho aproximado de uma galinha, uma crina ao longo do torço e um par de “fitas”, estruturas rígidas, que não se assemelham a escamas, penas ou pelos, mas que poderiam ser únicas deste animal.
Estas estruturas incluem monofilamentos delgados associados à base do pescoço, aumentando em comprimento ao longo da região torácica dorsal, onde formam uma juba, bem como um par de estruturas alongadas em forma de fita, provavelmente emergindo do ombro.
PARENTE PRÓXIMO
O Ubirajara jubatus faz parte da subordem de dinossauros Theropoda, tendo como parente próximo o dinossauro jurássico Compsognathus, encontrado na Europa.
Seu fóssil, que é um holótipo, peça única que serviu de base para sua descrição, está no Museu Staatliches für Naturkunde, na cidade de Karlsruhe, na Alemanha.