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Impunidade: Após 3 anos, Justiça e SDS não puniram réus pelo desvio de 1,1 mil armas da Polícia Civil, no Recife

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Foto: Bruno Campos / JC Imagens

Três anos após a descoberta do desvio e venda de mais de 1,1 mil armas de fogo que estavam guardadas em um depósito da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil de Pernambuco, na área central do Recife, não houve punição para os acusados.

O processo criminal contra 19 pessoas – incluindo quatro policiais civis (eram cinco, mas um faleceu menos de um mês após ser preso) – segue em andamento no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), sem prazo para a sentença. Os réus respondem por crimes como organização criminosa, comércio ilegal de armas de fogo, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.

De acordo com o promotor Roberto Brayner, que faz parte da força-tarefa criada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para acompanhar o processo criminal, a fase de audiências de instrução e julgamento foram concluídas.

“Foi dado prazo para o MPPE requerer diligências, mas nenhuma foi solicitada. Depois o prazo foi dado para a defesa. São muitos advogados. Após isso, a Justiça dará prazo para as alegações finais da acusação e defesa. Vamos estudar o caso e decidir se pediremos as condenações de todos os réus, conforme a denúncia, ou se pediremos a absolvição de alguns deles, por exemplo. Essa decisão ainda será tomada”, explicou o promotor.

Os processos administrativos disciplinares, que podem resultar na demissão dos policiais civis, também não foram concluídos pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). Em nota, a assessoria do órgão estadual declarou que os processos estão em fase final, “aguardando documentação do Poder Judiciário, a fim de que seja possível a elaboração de relatório conclusivo”.

“Dos quatro policiais civis, três já estão aposentados e apenas o comissário de Polícia Civil Edson Pereira da Silva permanece no exercício das funções, uma vez que o mesmo não estava lotado na Core durante as investigações e deflagração da operação”, disse a assessoria.

POLICIAL DESCOBRIU SUMIÇO DE ARMAS

O sumiço das armas foi descoberto por um comissário da Polícia Civil, responsável pela manutenção e conserto delas, em 5 de janeiro de 2021, após ele voltar de férias. Na ocasião, um inquérito policial foi instaurado e uma auditoria foi realizada pra identificar o número exato do desvio.

Em agosto do mesmo ano, após uma operação que prendeu cinco policiais civis suspeitos de envolvimento no esquema, a Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa e anunciou o número de 326 armas subtraídas.

Mas um documento assinado pelo delegado Adelson Barbosa em fevereiro de 2021 e enviado à Polícia Federal revelou que 1.131 armas – entre metralhadoras, pistolas e revólveres – desapareceram da Core. A revelação foi feita com exclusividade pelo Jornal do Commercio.

Em abril de 2022, durante audiência de instrução e julgamento dos réus, o delegado Adelson Barbosa, que trabalhava na Core, prestou depoimento por videoconferência e, questionado pelo Ministério Público, confirmou que mais de 1 mil armas foram furtadas do depósito.

No depoimento, o delegado disse ainda que foi repassada à Polícia Federal a lista das armas subtraídas para que os dados fossem incluídos no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), do Ministério da Justiça.

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