Derrota que será anulada Por Magno Martins
Em meio à pandemia do coronavírus, a executiva municipal do PT no Recife anula, hoje, através de uma sessão videoconferência, a decisão da executiva nacional petista de lançar candidato próprio nas capitais, notadamente a de Pernambuco, em que se coloca como pré-candidata a deputada federal Marília Arraes. A tentativa de barrar é pura pirraça. Em nível municipal, o que vale, na verdade, é a resolução da Nacional.
Que, aliás, foi tomada e assinada por todos os seus máximos dirigentes, entre eles a presidente Gleisi Hoffman e o ex-presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva. O PT não vai apenas de Marília, no Recife. Em Fortaleza, a candidata é Luizianne Lins; no Rio, Benedita da Silva; em Aracaju a vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino; e em Natal Natália Bonavides. Em todos os casos, o jogo do PT não será de barganha. A aposta se dá por causa do potencial dos seus pré-candidatos.
Mas é na capital pernambucana, por ser estratégica, importante e emblemática (Estado de Lula, dominado pelo PSB e historicamente influente no plano nacional), que se concentram as maiores atenções do PT. Marília é, também, encarada como potencial candidata entre as quatro postulantes do partido, lidera todas as pesquisas e pode, se eleita, ser o start da retomada do poder no Estado, que em 2020 completará 16 anos de encastelamento. Se as eleições fossem hoje, conforme as últimas pesquisas, o PT chegaria em primeiro lugar para a disputa em segundo turno.
Mesmo assim, o grupo majoritário do PT em Pernambuco, liderado pelo senador Humberto Costa, ainda não engoliu Marília e se contrapõe fortemente à decisão da executiva nacional, sob o argumento de que, em nível municipal, ela não agrega, não une nem amplia. Esse discurso, entretanto, parece não ter sustentação e teria outra explicação: com cargos distribuídos com centenas de aliados no Governo do Estado e na Prefeitura, Humberto e asseclas não querem largar o osso.
Vão fazer de tudo para destruir Marília. A última alegação, junto à executiva nacional, é a de que a pré-candidata está isolada, não conseguiu atrair nem um só partido para reforçar a sua coligação, ampliando tempo de TV para a propaganda eleitoral. Sem a maioria na executiva municipal, a deputada vai, sim, sofrer uma derrota acachapante hoje, sem que, na prática, represente o fim da sua candidatura.
Quem quer Marília no páreo é Lula, Gleisi, José Guimarães, enfim, todas as lideranças com peso e poder de fogo na executiva nacional. Restará ao PT do Recife, leia-se o grupo estreito de Humberto, aliado da “mamadeira da Odebrecht”, como diz Antônio Campos, o Tonca, irmão do ex-governador Eduardo Campos, ficar choramingando, roendo as urnas e chupando o dedo.