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História de Araripina: Rua do Comércio, Praça Severo Cordeiro dos Santos, depois “Calçadão”

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Foto: reprodução

Por Everaldo Paixão*

Lembrar daqueles que marcaram e foram importantes na história do município, ainda não é uma atividade primordial para preservação dos fatos e sempre recorro aos familiares ou alguém que se interessa para que a continuidade histórica não fique apenas marcada em um único acervo. Continuo afirmando que a nossa história para que nomes como não só daqueles que já são figuras ilustres como do ex-governador José Ramos e do nosso patriarca Francisco da Rosa Muniz, sejam relembradas nas salas de nossos escolas para isso insisto: é preciso criar uma brecha para colocar no currículo escolar municipal a “História de Araripina” para que a nossa juventude tenha interesse em conhecer as suas origens e também descobrir tanta coisa que ainda não foi desvendada e que precisa ser para o futuro uma esperança de que não será esquecida.

Por que não introduzir a disciplina “História do Município” no currículo escolar de Araripina?

Recorri a um amigo e parente de Severo Cordeiro dos Santos para contar um pouco da história daquela praça tão antiga conhecida por muito tempo como Rua do Comércio e que posteriormente virou o conhecido e difundido “Calçadão” que tem sido uma das imagens antigas mais propagadas nas redes sociais nos grupos que contam um pouco da história do município depois da balaustrada.

Ainda lembro-me do movimento frenético daquela praça em que a abundância da feira da farinha, do comércio de alimentos, da discoteca de Rivaldo Araújo, da relojoaria de seu Abdon e de seu Zequinha Barbosa, dos “picolés deliciosos” da Sorveteria de Nilo Arraes e dos bares em todo entorno, são imagens refletidas no meu pensamento que deixam marcas que só mesmo a saudade pode recordar.

As ruas (logradouros) de Araripina nem sempre tiveram as identificações de seus cidadãos para as nomearem. As ruas mais antigas da área central, núcleo germinal da cidade, tinham outras denominações, que eram geralmente vultos nacionais ou estaduais. Na terceira administração do prefeito Manoel Ramos de Barros 1959/1963, os nomes oficiais das ruas começaram a ser substituídos por nomes de vultos históricos da terra. Foi uma sugestão do professor Geraldo Granja Falcão, que elaborou o anteprojeto para a referida mudança. A Rua Quintino Bocaiuva, passou a chamar-se Antônio de Barros Muniz. A Rua Deodoro da Fonseca passou a ser Henrique Alves Batista, e várias outras mais. A chamada “Rua do comércio”, foi denominada de Rua Severo Cordeiro dos Santos, e sobre este pioneiro da história de Araripina, aqui iremos fazer um breve relato.

Severo Cordeiro dos Santos, baiano, de Senhor do Bonfim, nascido no ano de 1875. Comerciante do ramo de tecidos e variedades. No início do século 20, percorria o sertão pernambucano. Em São Sebastião da Villa do Ouricury (atual Ouricuri), ainda jovem, contrai matrimonio com Juventude Petronila da Rocha Falcão (dona Jovem), da aristocracia ouricuriense. Esta era Irmã de Rodrigo Castor da Rocha Falcão, líder político de Ouricuri. Filha de João Pedro da Silva (há uma citação que seu nome era José Pedro da Rocha, mas segundo Raul Aquino, Historiador ouricuriense, no livro Ouricuri, História e genealogia este era o seu correto nome). João Pedro da Silva tinha propriedades na fazenda São Gonçalo, para onde veio o jovem casal estabelecer residência, dando origem a família Cordeiro da Rocha, onde aqui nasce o primeiro filho do casal, Rodrigo Cordeiro da Rocha. 

Severo Cordeiro dos Santos Residiu primeiramente na rua em que hoje leva o seu nome, frente do Banco do Brasil, sentido Casa neto. Sua residência, demolida, era uma antiga casa nas proximidades de onde hoje é a secretaria de educação, antiga loja de Genilson. Um Fato narrado pelo doutor Francisco Muniz Arraes, saudoso historiador araripinense, relata que ele deu acolhida ao primeiro padre de São Gonçalo, oferecendo uma recepção e um jantar de boas-vindas ao sacerdote alemão recém-chegado. Foi comerciante em São Gonçalo. Um dos que, ao lado de Seu Chiquinho Cícero e Joaquim José Modesto, lutaram pela criação da paróquia e emancipação da Vila de São Gonçalo a município autônomo de Ouricuri. Faleceu precocemente, provavelmente no ano de 1925, vítima de problemas renais. Foi homenageado por tudo o que representou no início da futura cidade de Araripina, com o nome da rua em que habitou.

Por iniciativa do então prefeito Dr. Valmir Lacerda, posteriormente, esta rua veio a ser transformada em calçadão, o qual por muitos anos compôs a paisagem do centro da cidade. Na cerimônia de inauguração do calçadão, Dr. Valmir Lacerda convidou os seus descendentes, onde estiveram presentes o filho caçula José cordeiro Rocha (in memoriam), e o neto Luiz Gonzaga Cordeiro, filho de Miguel Cordeiro Rocha (in memoriam).

O calçadão foi desativado posteriormente, voltando a ser rua. Mas ali está registrada a memória daquele que foi um dos pioneiros da emancipação política e econômica de Araripina, perpetuando o seu nome na história deste município.

Colaborou: José Francisco Cordeiro da Rocha

Obrigado, amigo!!!

*Editor do Blog do Paixão

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