Obra a passo de tartaruga, inicialmete seriam gastos R$ 5,4 bi mas mercado diz que obra não sai por menos de R$ 10 bilhões. Trecho Ouricuri – Araripina é um dos mais lentos.
A Transnordestina Logística S.A. (TLSA), concessionária à frente da Ferrovia Transnordestina, é da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Mas nem tanto. Como a TLSA só vai faturar quando transportar cargas, a explosão do orçamento e os atrasos sem um trem em atividade forçou um socorro da gestão Dilma Rousseff não mais com empréstimo. O governo virou sócio de uma fatia relevante da concessionária: este ano chegou a 37,4%. E pode vir mais, caso o atraso de 6 anos se prolongue. A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) vai liberar até o fim do ano a primeira parcela de R$ 500 milhões de um novo empréstimo, de R$ 1,2 bilhão. Caso a TLSA permaneça sem fatura, a garantia é mais ações para o governo.
A concessão foi assinada em dezembro de 1997. Mas a ferrovia de 1.753 quilômetros de extensão só começou a ser construída em 2006, orçada em R$ 4,5 bilhões e com prazo para dezembro de 2010.
Na primeira gestão Dilma, quando o orçamento já era de R$ 5,4 bilhões, a fatia do governo na Transnordestina era cerca de 10% – somando Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), BNDESPar, seu braço de participações, e o Finame, de crédito para máquinas e equipamentos. Já haviam sido gastos R$ 3 bilhões e o dinheiro começou a faltar.
Hoje o orçamento da obra é divulgado em valores de 2012, R$ 7,54 bilhões. Mas só a inflação oficial joga a cifra para R$ 8,5 bilhões. Sem contar que o mercado dá como certo: a obra não sai por menos de R$ 10 bilhões.
Diante desses e novos problemas, para fechar a conta a Valec já comprou mais participação na TLSA e foi a 25,6%. A fatia total do governo bateu 37,4%.
Mas a necessidade de injeção constante de dinheiro dos sócios e o orçamento desatualizado devem mudar o quadro.
Henrique Tinôco, diretor de gestão de Fundos, Incentivos e Atração de Investimentos diz que a Transnordestina está com 40% das obras prontas. Ainda assim, o governo prevê a conclusão da ferrovia até o fim de 2016. A estrada de ferro começa em Eliseu Martins, no Piauí, e segue até Salgueiro, de onde se bifurca para Pecém, porto no Ceará, e Suape, em Pernambuco. No trecho cearense, quase nada andou.
Após uma troca de construtoras, este ano as obras foram retomadas em fevereiro, informa a Sudene, com 3 mil trabalhadores e 700 equipamentos em Pernambuco e no Piauí.