Em mais uma ação que expõe a falta de transparência em relação à violência em Pernambuco, novas regras foram criadas pelo Governo do Estado para restringir as entrevistas de policiais militares para a imprensa. Uma portaria, publicada em plena véspera de Natal, determina que os PMs só repassem informações quando se tratarem de assuntos “positivos” ou “neutros”. Já as ocorrências “negativas” devem ser avaliadas e só pode haver um pronunciamento com a autorização do Comando Geral da PM.
Imagens de suspeitos presos em flagrante também não poderão mais ser repassadas à imprensa nem publicadas nas redes sociais. Os policiais militares também só poderão conceder entrevistas quando forem previamente autorizados por seus superiores.
Muitos policiais militares estão revoltados e classificando a nova portaria como um ato de censura. Enquanto a Polícia Civil – em alguns casos – faz estardalhaço e chama a imprensa para acompanhar a prisão de suspeitos em operações, os PMs sofrendo restrições para falar sobre as prisões efetuadas pela corporação.
Nos últimos anos, a falta de transparência da gestão estadual tem chamado a atenção. Em 2017, ano em que houve recorde de homicídios em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social deixou de divulgar diariamente dados sobre os assassinatos – como nome da vítima, idade, local e dia do crime. Boletins passaram a ser mensais e sem as informações básicas e de interesse público, gerando questionamentos da sociedade.