Governadores manifestam preocupação com a possibilidade de serem excluídos do texto final da reforma da Previdência.
E a maioria assina uma carta entregue à Câmara em apoio à manutenção de estados e municípios na proposta.
Apenas Bahia e Maranhão ficaram de fora; todos os outros 25 chefes de executivos não pouparam adjetivos ao texto atual.
Para eles, fazer as mudanças nos regimes de aposentadoria e pensão dos servidores por legislação própria representa um atraso e um obstáculo ao projeto.
E preocupa diante da falta de uniformidade das regras.
O vice-presidente Hamilton Mourão diz que os articuladores políticos do Planalto trabalham para que a Câmara não perca a oportunidade de fazer uma reforma única.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito aos deputados que uma coisa é fazer política; outra, é politicagem.
A reclamação é a de que em conversas reservadas, governadores da oposição, a maioria do Nordeste, apoiam a proposta.
Mas publicamente falam contra, de olho nas eleições, já que a reforma é tida como impopular.
O presidente da comissão especial da Câmara, Marcelo Ramos, aposta na força dos governadores para superar as dificuldades da proposta.
O déficit na folha de pagamentos dos governadores e prefeitos é de 96 bilhões de reais por ano, o que dá cerca de 1 trilhão em uma década.
Só para os estados, a reforma do Planalto prevê uma economia de 350 bilhões de reais em 10 anos.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o governador do Distrito Federal disse que entende as pressões sofridas pelos parlamentares.
Ibaneis Rocha espera, no entanto, que os deputados possam refletir sobre o que é o melhor para o futuro do país.
Ontem, o relator Samuel Moreira passou o dia em reuniões para fechar o parecer, que deverá ser apresentado à comissão especial na semana que vem.
O partido dele, o PSDB, vai se reunir e promete fechar questão: quem votar contra as mudanças na Previdência poderá ser expulso da bancada.
A decisão surgiu após pressão feita pelo governador de São Paulo, João Doria.