A Polícia Civil do Piauí deflagrou nesta nesta quinta-feira (30) a operação Hidra de Lerna, contra uma organização criminosa interestadual suspeita de produzir documentos falsos, de veículos que não existem, para aplicar golpes. Entre os presos, estão funcionários do Detran, além de investigados em outros estados. Ao todo, o grupo teria movimentado R$ 1 bilhão com golpes em todo o país, falsificando documentos para falsificar veículos de luxo, de valor elevado.
O delegado Odilo Sena informou que dos 27 suspeitos de participar do esquema no Piauí, 15 foram localizados e presos nesta quinta. Há ainda cinco servidores do Detran-PI entre os suspeitos e dois deles foram presos. O Detran do Piauí informou que não tem detalhes sobre as prisões e que está contribuindo com as investigações. Veja nota completa ao fim da reportagem.
Além desses, foram procurados ainda 7 despachantes, 9 empresários e outras 6 pessoas que tinham funções de logística na organização criminosa.
“O esquema tem relação direta com alguns servidores do Detran e com um grande e complexo número de criminosos de dentro e fora do estado do Piauí, totalizando quase uma centena de investigados e envolvendo também praticamente Detrans de todo o Brasil com prejuízo estimado em quase 1 bilhão de reais”, informou a polícia em nota.
Segundo a investigação, a quadrilha conseguiu “criar” pelo menos 37 automóveis no Piauí e centenas pelo país, que existem apenas nos documentos. “Os veículos não existiam de fato, apenas os números de chassi, que era subtraído de outros estados e inseridos nos documentos falsos. Aí entravam os servidores do Detran e empresas terceirizadas”, explicou o delegado Odilo.
Com os veículos fictícios, os criminosos teriam realizado empréstimos e consórcios, fazendo diversas vítimas, inclusive bancos e compradores finais. Para que golpe “compensasse”, segundo a polícia, a quadrilha mirava em veículos de luxo, de valores superiores a R$ 600 mil.
“O objetivo final era conseguir o DUAL (Documento Único Anual de Licenciamento) e o DUT (Documento Único de Transferência), para fazer simulação de financiamento ou consórcios, onde a rede bancária seria a lesada”, explicou.
Ainda segundo o delegado, o esquema gerou prejuízos também para pessoas comuns de outros estados, que compraram os carros que tiveram os números de chassis roubados, e não conseguiam emplacar seus veículos porque eles já haviam sido “emplacados”, como carros fictícios.
A investigação começou em fevereiro de 2021 e segundo o delegado Odilo estaria longe de ser concluída. “A gente se ateve a esses 37 veículos, e o prejuízo gerado seria de R$ 12 milhões. Pela forma como a organização se organizou, a gente acredita que o Brasil inteiro está envolvido”.