Ex-presidente nega ser dele sítio que Odebrecht reformou, mas só vive lá.
Por Claudio Humberto / Jornal do Commercio
Documentos da própria Presidência da República indicam que o ex-presidente Lula esteve pelo menos 111 vezes no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, do qual ele jura não ser proprietário, e que foi reformado pela Odebrecht, empreiteira envolvida no roubo à Petrobras desmantelado pela Operação Lava Jato. Foram gastos R$700 mil na reforma.
Oficialmente sítio está em nome de amigos e sócios de Fábio Luís, filho de Lula, mas é o ex-presidente que o utiliza. Em 2015, Lula esteve no sitio nada menos do que 22 vezes.
A documentação é constituída de relatórios da Presidência da República sobre a desigmação de seguranças que acompanham o ex-presidente, inclusive para o pagamento de diárias e outras despesas de deslocamento.
Os seguranças de Lula pernoitaram um total de 283 vezes em Atibaia essas 111 viagens, segundo os comprovantes. Em junho e julho de 2014, por exemplo, os seguranças acompanharam Lula em seis finais de semanas seguidos na cidade do sítio. Há casos em que as idas a Atibaia representam quase a metade de todas as viagens feitas por um segurança de Lula.
As visitas mais recentes de Lula a Atibaia foram no réveillon de 2016. Pelos documentos, os seguranças ficaram por lá de quinta-feira, dia 7, a segunda-feira, dia 11. Nos documentos do Planalto, há casos em que os seguranças tiveram que registrar as viagens depois do ocorrido, por ter sido feita em cima da hora. “O servidor viajou para atender a demanda da agenda do ex-presidente Lula. E devido a urgência no atendimento não foi possível enviar o SCDP [registro] antes da ocorrência da respectiva viagem”, diz um dos registro.
A legislação permite que ex-presidentes tenham direito a quatro servidores para segurança e apoio pessoal, além de dois veículos oficiais com motoristas pagos com dinheiro público. Esses dados – divulgados pela revista Época – revelam a frequência com que Lula ia a Atibaia.
