Por Diego Lagedo / Pernambuco em Pauta
A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal (PL) já é dada como certa e o próprio mandatário confirmou que pode ser feita ainda nesta semana. Bolsonaro já teria avisado ao presidente nacional do PP e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que teria feito a opção pela outra sigla, que tem maior tempo de televisão e deu maior liberdade para Bolsonaro montar as chapas para o Senado. Já o PP poderá indicar a vice de Bolsonaro em 2022 e continuará no bloco governista.
A entrada de Bolsonaro no PL deve embaralhar o campo da oposição em Pernambuco, onde o partido é presidido pelo prefeito do Jaboatão, Anderson Ferreira, que é pré-candidato a governador ou a senador. Anderson faz parte de um bloco oposicionista com a também pré-candidata Raquel Lyra (PSDB), com Armando Monteiro (PSDB) e com Daniel Coelho (Cidadania). O grupo está construindo um projeto de centro para Pernambuco que não passa pela defesa do bolsonarismo. Sendo assim, Anderson Ferreira terá que decidir entre seguir no bloco ou aderir ao projeto nacional do seu partido, tendo em vista que Raquel, Armando e Daniel não querem se associar a Bolsonaro.
Correndo por fora desse bloco, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), que também é pré-candidato a governador, está caminhando para defender o campo da direita no ano que vem, tendo em vista que Raquel Lyra já se posicionou no centro. Nesse contexto, Miguel pode ser beneficiado com a filiação de Bolsonaro ao PL caso Anderson resolva se aliar a ele e fazer uma guinada à direita, pois o prefeito do Jaboatão agregaria muita força na Região Metropolitana do Recife. Para isso, contribui o fato de Fernando Bezerra Coelho (MDB) ser líder do Governo no Senado e de André Ferreira (PSC) ser vice-líder do Governo na Câmara. Interlocutores de Miguel argumentam que a direita é o caminho natural para ele, que já tem sua imagem fortemente associada à de Bolsonaro.
Já uma candidatura do ministro Gilson Machado para governador se torna cada vez mais difícil, tendo em vista que ele não poderá construir um projeto fora do novo partido de Bolsonaro. Para Gilson, a melhor perspectiva seria ter Bolsonaro no PTB, que é controlado pelo Coronel Meira em Pernambuco, mas o partido de Roberto Jefferson já foi praticamente descartado. Além disso, a possibilidade dele assumir o PL ou ter a legenda para disputar o Governo de Pernambuco nesse partido é muito pequena, mas uma fonte próxima ao ministro indicou a esta coluna que ele sonha com essa possibilidade. Esse fato deve colocar pressão para que Anderson Ferreira defenda o bolsonarismo no próximo ano e mantenha o protagonismo no seu partido.
A filiação de Bolsonaro ao PL irá abrir um leque de possibilidades e o impacto que terá na construção das chapas de oposição em Pernambuco só deve se cristalizar no ano que vem. Mesmo assim, já é possível observar que o prefeito Anderson Ferreira será uma figura decisiva na próxima eleição e que a escolha partidária de Bolsonaro terá impacto o suficiente para mudar os rumos da oposição em Pernambuco.