A prova de que o governador Paulo Câmara não consultou a sociedade para fazer um plano decente de retomada das atividades é a insatisfação geral de entidades produtivas do Estado, como o Sinduscon e a própria FIEPE.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Érico Furtado, não vê lógica na solução apresentada pelo Governo do Estado de retorno de 50% dos trabalhadores às obras, em horário reduzido, de 9h às 18h. Para ele, é uma proposta inviável social e economicamente.
“Este formato colocado pelo governo foi infeliz porque gera uma série de incertezas. Por exemplo, uma empresa que precisa de 100 homens para concluir uma obra no prazo, terá que contratar os 100 e deixar metade em casa? Ou contrata apenas 50 e quando chegar a fiscalização vai ter que demitir 25 pessoas?”, pergunta.
Érico também diz que o horário proposto pelo Governo é totalmente fora da realidade da rotina na construção civil: “O trabalhador chegava às 6h30 da manhã, fora do horário de pico, tinha café da manhã fornecido pela empresa e largava às 17h, também fora do pico de demanda pelo transporte público. Agora ele vai ter que chegar bem mais tarde ao emprego, começar a trabalhar com sol forte e largar às 18h, junto com outras categorias profissionais”, reclama.
O presidente da FIEPE, Ricardo Essinger, endossa as críticas à reabertura malfeita da construção civil. “A construção civil faz parte de uma cadeia produtiva que envolve pelo menos outros 11 setores da indústria em Pernambuco. Se a construção civil voltar com tantas restrições, esses segmentos continuarão inativos parcial ou totalmente”, diz Essinger.