Por Magno Martins
A pandemia do coronavírus escancara a janela para contratos milionários pela União, Estados e Municípios em decreto de estado de calamidade, brecha que permite a dispensa de licitações. A farra tende a ser grande, mas o Ministério Público está atento. Já suspendeu no Recife a compra de 2,5 mil celulares pelo prefeito Geraldo Júlio, uma bagatela da ordem de R$ 1,6 milhão, enquanto faltam respiradores, máscaras, luvas e álcool gel nos hospitais apinhados de seres humanos suspeitos de contágio pelo coronavírus.
Aonde tiver dinheiro, os nobres gestores vão atrás como se procura agulha em palheiro. O governador Paulo Câmara (PSB) quer autorização da Assembleia Legislativa – e já pediu – para usar U$ 800 milhões de um empréstimo internacional carimbado para ações do ProRural nos grotões do Sertão no combate ao vírus da morte. O que vai comprar, não diz na mensagem, nem também de que forma.
Há pouco, o Ministério da Saúde liberou R$ 4 bilhões a estados e municípios para ações de combate à covid-19. O valor é um adicional ao que já recebem para custeio de ações e serviços relacionados à saúde e pode ser utilizado para compra de materiais e insumos, abrir novos leitos e custear profissionais. Do referido valor, Pernambuco abocanhou R$ 107 milhões, R$ 30 milhões para o Recife.
Em mensagem nas redes sociais, o Ministério da Saúde informou que os recursos foram depositados nas contas dos fundos estaduais e municipais de saúde. “A gente acha que, com isso, eles [os gestores de saúde] podem adquirir os equipamentos de proteção individual (EPIs) que a gente começa a trazer da China. Está começando o mercado chinês a se organizar, estamos conseguindo trazer”, chegou a comentar o então ministro Luiz Henrique Mandetta. Notícia alvissareira sem resultado prático.
Ontem, uma enfermeira denunciou em vídeo pelas redes sociais que os profissionais de saúde do Hospital Getúlio Vargas estão sendo contaminados no contato com pacientes do Covid-19 porque faltam os equipamentos de proteção, até o mais simples e indispensáveis como máscaras. Já são centenas ou milhares de profissionais de saúde que estão partindo mais cedo para a eternidade porque o Governo não se encarrega de dar suporte ao que há de mais elementar para evitar que se contaminem.
Dinheirama – Só através das emendas parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro anunciou liberou R$ 8 bilhões para a área da saúde. A decisão foi tomada logo no início da pandemia do novo coronavírus. Bolsonaro fez o anúncio durante videoconferência com empresários para tratar dos efeitos da crise na saúde. “Em comum acordo, os parlamentares abriram mão de R$ 8 bilhões [de emendas] individuais e de bancada. Recurso esse que vai diretamente para o Ministério da Saúde, para que dessa forma medidas sejam tomadas no combate ao vírus”, comemorou o presidente. Aonde está essa dinheirama, há de se perguntar.