O procurador regional da República aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima não acredita que a Lava Jato tenha sido enfraquecida com a divulgação das mensagens entre o ministro Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.
“[Devemos] discutir a legalidade dessas mensagens mesmo porque estão sendo trabalhados trechos supostamente fora do contexto. Eu não creio que juridicamente isso tenha o menor cabimento, [não há] qualquer tipo de efeito jurídico dessas supostas mensagens”, declarou em entrevista ao Jornal da Manhã 2ª edição nesta segunda-feira (10).
Lima ressaltou que ainda é necessária uma confirmação da veracidade do conteúdo divulgado pelo The Intercept e, mesmo assim, será difícil descredibilizar a Operação Lava Jato.
“Isso é no campo retórico e do jornalismo apenas, não há como ter efeitos jurídicos de algo que nem sequer tem como fazer uma eventual perícia. Temos um veículo de comunicação afirmando que têm essas informações, que não diz como adquiriu, e me parece pouco provável que isso dê qualquer seguimento até porque olhando as mensagens eu não vejo nada demais”, afirmou.
Sobre a possibilidade da defesa do ex-presidente Lula usar a reportagem do The Intercept a seu favor, o ex-procurador afirma que é bem plausível que isso ocorra.
“A defesa do ex-presidente Lula sempre se caracterizou pelos excessos e agora mais esse de tentar colocar na boca de procuradores qualquer outra coisa que não seja estrito teor de suas manifestações jurídicas me parece equivocada.”
Questionado sobre a prática de utilizar o Telegram como aplicativo de troca de mensagens entre os procuradores da República, Lima confirmou ser uma prática recorrente.
“Isso foi uma determinação comum dentro do Ministério Público para troca de informações. Precisava-se ser definido um sistema e informalmente foi escolhido o Telegram.”