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Ex-mulher denuncia agressões e ameaças do secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco,

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Foto: reprodução

“Ele batia, dava murro, dava chute. A vida inteira. Ele sempre me bateu”, declarou.

A economista aposentada Maria Eduarda Marques de Carvalho afirma que manteve um relacionamento por 25 anos com o atual secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico. Agressões físicas e psicológicas marcaram o tempo juntos, assim como pedidos de desculpas, afirmou a mulher, que registrou dez boletins de ocorrência ao longo dos anos, a última em novembro.

Pedro Eurico de Barros e Silva atua há anos na política do estado. Foi eleito vereador do Recife em 1984 e deputado estadual entre 1986 e 2006, sendo presidente da Assembleia Legislativa no biênio 1995-1996. No segundo governo Miguel Arraes (1987 a 1990), comandou a Secretaria de Habitação.

Assumiu a Secretaria Estadual da Criança e da Juventude em 2012 e, em 2015, foi para a pasta de Justiça e Direitos Humanos. Desde 2019, Pedro Eurico é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária.

Procurado pela TV Globo, o secretário preferiu não gravar entrevista e disse, em nota, que as “denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima”.

Maria Eduarda afirmou que, apesar de ter tentado se separar, acabava retomando o relacionamento, mas que agora resolveu falar com a imprensa “por medo de morrer”.

“Eu não tinha mais condições de continuar vivendo do jeito que eu estava vivendo, sendo ameaçada, sendo perseguida. Então, eu achei que estava muito próxima da morte. Por conta disso, eu resolvi falar para que não apareça depois apenas a notícia: ela morreu. Eu gostaria apenas de viver. Muita vontade de viver ainda”, declarou.

Segundo a mulher, Pedro Eurico vinha fazendo mais ameaças nos últimos tempos, com insinuações sobre o que poderia fazer com ela. “[Ele] me acordava de madrugada dizendo que eu saísse de casa naquela hora porque ele tinha acabado de sonhar que me matava. Outro dia, ele dizia que ia acontecer um acidente, ia aparecer um acidente e ninguém ia desconfiar que era ele que tinha mandado fazer alguma coisa”, afirmou.

Mais ameaças

A situação foi ficando pior com o passar dos anos, segundo Maria Eduarda. “Ultimamente, a tortura psicológica era mais forte. Quando as pessoas me perguntam, eu não sei o que é pior, se a violência física ou psicológica. Não tem como comparar isso. É violência, é dor, é sofrimento, é medo. É muito medo”, disse.

Em novembro deste ano, a economista aposentada foi morar na casa da mãe, que já havia presenciado agressões. “Uma vez, eu estava com a minha mãe levando ela para o trabalho e dois motoboys quebraram meu carro todo. Depois, um desses dois parou na portaria do meu prédio para conversar com o porteiro e me viu chegando com o carro quebrado”, contou.

A economista relatou que o rapaz confessou que tinha quebrado o automóvel dela e que não sabia que pertencia a ela, por conta do vidro escuro. “Disse que tinha sido Pedro Eurico [quem mandou]”, afirmou.

Nos últimos anos, mesmo casados, eles dormiam em quartos separados, de acordo com Maria Eduarda. “Já tinha um quarto separado. Nos dias em que ele estava mais perturbado, desequilibrado, eu ia para esse quarto e me trancava. Ligava para o motorista, o segurança e dizia: ‘olhem, vocês fiquem alerta’. Várias vezes o motorista recebeu ligação minha: ‘venha para cá agora porque Pedro está surtando’”, relatou.

Medida protetiva

No mesmo dia da invasão, a mulher pediu uma medida protetiva, que foi concedida pela Justiça. Em 4 de novembro, Pedro Eurico teria entrado com um pedido de divórcio e, mesmo assim, teria voltado ao prédio menos de uma semana depois.

“Ele insiste muito para falar comigo. Pede para subir ou para eu descer. Ele desobedece, descumpre a medida protetiva que eu tinha. Passou a semana inteira tentando não ser intimado. A oficiala não conseguia chegar a ele”, afirmou.

“Eu consegui ver todo o filme da minha vida voltando. As mentiras dele para a sociedade, que ele prega uma coisa e é outra”, disse.

Segundo Maria Eduarda, o fato de ser político faz com que Pedro Eurico se sinta à vontade para fazer o que faz com ela. “Como é que alguém vai acreditar em Eduarda? Ninguém vai acreditar em Eduarda. Ninguém vai entender o que você está falando’. Ele sempre me falou isso. Também, por isso, passei tanto tempo acreditando que, por ele ser político, circular nesse meio do poder, eu nunca conseguiria sair”, afirmou.

A Delegacia da Mulher de Paulista abriu um inquérito para investigar a denúncia mais recente. Os delegados ouviram algumas testemunhas. “Passei a minha vida inteira com medo dessa pessoa. Não só em relação a mim, mas em relação aos meus filhos, minha família e todas as pessoas que vivem uma relação dessa sabem o quanto é difícil quebrar esse ciclo, sair, ter coragem de viver. Porque eu não tinha vida. Mas é muito difícil porque, mesmo você tentando sair, a morte parece que está sempre próxima”, disse.

Resposta de Pedro Eurico

“Com referência às acusações apresentadas por minha ex-esposa Maria Eduarda Marques de Carvalho, é importante esclarecer:

As denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima perante a Justiça.

Estivemos casados inicialmente, no período de 27 de setembro de 2003 e nos divorciamos em 30 de abril de abril de 2008. Ao longo dos últimos anos de convivência e de um novo casamento, realizado em 2012, cujo divórcio aconteceu em 08 de novembro deste ano, inexistem denúncias apresentadas pela senhora Maria Eduarda, causando estranheza o requerimento de medida protetiva justamente no período em que se discutia a possibilidade de uma dissolução consensual.

Foge à realidade a acusação de tentativa de invasão do imóvel recentemente adquirido, haja vista que fui o responsável pelo pagamento da reforma do imóvel concluída exatos três dias antes da apresentação da denúncia perante a Polícia Civil do Estado e compareci ao apartamento inabitado para verificar a conclusão dos serviços. Nesta data, fui impedido de entrar no apartamento por minha ex-esposa devido a troca das fechaduras numa patente manobra patrimonial.

Lamentamos as inverdades envolvendo minha vida pessoal, e exposição na imprensa em uma sórdida trama de interesse patrimonial.” (Do G1/PE)

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