Um grupo de empresários cearenses da indústria e do agro reunido ontem concluiu, diante do que tem ouvido e lido nos últimos meses, que o projeto de construção da Ferrovia Transnordestina “é um sonho das mil e uma noites, com poucas chances de ser concluído nos próximos cinco anos”.
Eles desconfiam de tudo o que diz respeito ao empreendimento, a começar pela promessa feita em abril passado ao presidente Lula pela direção da Transnordestina Logística S/A, concessionária dessa extensa estrada de ferro, segundo a qual seus primeiros trens circularão no ano de 2027. Na reunião de ontem, um dos empresários presentes disse que, no vizinho Piauí, onde ele tem investimento na aquicultura, “ninguém fala da Transnordestina, nem a favor nem contra, pois lá quase nada foi realizado”.
No dia 22 de abril deste ano, o mesmo grupo de industriais e agropecuaristas, que ontem debateu sobre a questão, reuniu-se com o diretor Comercial e de Terminais da Transnordestina Logística, Alex Trevisan, de quem ouviu – sob o testemunho desta coluna – que a ferrovia estará pronta e em operação em 2027, ou seja, daqui a menos de três anos. Trevisan disse, nessa ocasião, que, para o término das obras, incluindo, principalmente, a via permanente (trilhos e dormentes), seriam necessários mais R$ 7 bilhões, uma montanha de dinheiro.
Alex Trevisan transmitiu outra boa notícia, ao dizer que, a partir do próximo ano de 2025, a Transnordestina Logística colocará carga para o Porto do Pecém”, onde já tem um terminal, devendo construir outro maior e mais moderno para a movimentação de todas as mercadorias que seus trens transportarão do Piauí, Pernambuco e Bahia.
E adiantou mais o diretor Comercial da Transnordestina, ao revelar que, usando o modal rodoviário, sua empresa atrairá, também, cargas da Paraíba e do Rio Grande do Norte para o Porto do Pecém. Ele, todavia, ouviu uma advertência de um grande empresário da avicultura, na opinião de quem as tarifas de frete da Transnordestina, estimadas pela própria empresa, estariam mais caras do que as do modal rodoviário.
Avicultores cearenses costumam trazer de Mato Grosso e de Goiás soja, milho e farelo de milho, insumos que entram na composição da ração de suas aves. Essa compra, porém, reduziu-se, nos últimos três anos, a menos da metade porque as empresas avícolas daqui passaram a adquirir esses insumos diretamente de produtores do Ceará, do Piauí e do Maranhão.
Na reunião de ontem, porém, houve comentários favoráveis ao projeto e ao ritmo das obras de implantação da Ferrovia Transnordestina. Dois empresários convergiram sua opinião na mesma direção. Eles disseram que, quando estiver concluída, a Transnordestina mudará a face da economia do Nordeste, principalmente a do Ceará, pois ligará as fontes de produção mineral, industrial, agrícola e pecuária de boa parte da região ao porto do Pecém, pelo qual será transportada para o exterior e para os centros de consumo do mercado interno brasileiro.
Neste momento, as obras da Transnordestina caminham no rumo da cidade de Iguatu, onde a expectativa da população é otimista. Esse otimismo também se estende às cidades mais ao Norte, como Quixeramobim e Quixadá, onde as questões ligadas aos processos de desapropriação parecem ter sido superadas.
As obras do trecho cearense da Ferrovia Transnordestina estão sendo executadas pela Construtora Marquise, que tem expertise em grandes obras de infraestrutura – a empresa cearense já construiu aeroportos e executou os projetos de ampliação do Porto do Pecém, estando agora também envolvida no empreendimento que construirá uma usina de dessalinização da água do mar na Praia do Futuro, em Fortaleza. (Diário do Nordeste)