Por Magno Martins
Um voo tranquilo, sem turbulências nem sustos, se dá quando o tempo está limpo, com ventos favoráveis. Este parece o cenário para o presidente Bolsonaro nos próximos dois anos na sua relação com o Congresso, caso os prognósticos dos aliados do candidato a presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se confirmem de uma vitória retumbante no enfrentamento ao paulista Baleia Rossi (MDB), postulante da oposição, escolhido e apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Igualmente com a vitória do senador mineiro Rodrigo Pacheco (DEM) na presidência da chamada Casa Alta. O democrata é escolha pessoal do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que, como Maia, foi impedido de disputar a reeleição. Maia buscou o confronto com o Planalto e se aliou ao bloco de esquerda na Câmara, abraçando-se, inclusive, com o PT que tanto o fustigou, para tentar impor uma derrota a Bolsonaro.
Davi foi mais sabido. Passa a ter um aliado na sucessão da sua cadeira e permanece usufruindo das benesses do Governo. Na Câmara, desde o start do processo eleitoral, Arthur já era visto como favorito. Líder do Centrão, tem o apoio da maioria dos partidos. Com os ventos palacianos em seu favor, adoçou a boca do exército parlamentar que trabalha pela sua eleição mediante a liberação de R$ 3 bilhões em emendas pelo Governo.
Eleição de mesa diretora, de qualquer instância de parlamento no Brasil, não é para amador. Só ganha os profissionais e a máquina azeitada é um santo remédio: remove montanhas de votos indecisos. Rodrigo Maia sabe disso. Apostou num suposto desgaste do Governo, na desastrosa articulação do presidente com a Câmara, mas vai sair dessa corrida eleitoral menor do que entrou. Vai somar ao seu currículo uma grande derrota como padrinho político.
Bolsonaro, por sua vez, terá, neste céu de brigadeiro, dois presidentes, o da Câmara e o do Senado, trabalhando pela governabilidade. Mais do que isso, a derrota de Maia na Câmara é a certeza também de que estão sepultadas as chances de prosperar um movimento de rebeldia na Casa que desague na abertura de um pedido de impeachment do presidente.