Para o especialista Lucas Rodrigues, eleitorado deu mais valor ao voto e buscou conhecer políticos e partidos antes de ir às urnas
Foto: Acervo pessoal
Ir às urnas em dois dias distintos em plena pandemia mundial não é tarefa fácil, e, nem sempre, segura. Mas, talvez por essa razão, quem precisou se arriscar para exercer o direito ao voto em 2020 não o desperdiçou. Pelo menos, é essa a visão do pesquisador político Lucas Rodrigues, advogado e mestre em direito empresarial, sobre o pleito municipal deste ano.
“O que percebi, inclusive em conversas nos mais diversos ciclos, é que neste ano o eleitorado se deu conta que propostas e planos mais concretos e técnicos são mais importantes que paixões e empolgações políticas vazias, algo que geralmente se dá com os candidatos de posições de extremadas”, avaliou. “Arrisco a dizer que o eleitorado não se deixou influenciar por essas ‘posições’, o que, na minha opinião, gerou uma possível perda de força da polarização política”, comentou.
“A esquerda, tradicionalmente encabeçada pelo PT, não elegeu sequer um prefeito nas capitais. Enquanto sua antítese, a extrema-direita, representada pelo bolsonarismo, nem de longe conseguiu emplacar a quantidade de prefeitos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro: somente dois, de 13 por ele apoiados, foram eleitos”, destacou.
Para Rodrigues, apesar de em 2020 o Brasil ter registrado 29,5% de abstenções no segundo turno das eleições – o maior índice desde 1996 – houve uma “valorização” do voto.
“As pessoas buscaram por candidatos que, além de possuírem um bom perfil pessoal, pertenciam a um partido cuja ideologia fosse mais clara, mais definida, bem como aquelas que, procurando alternativas para o extremismo político, optaram a votarem em candidatos de partidos do centro”, avaliou.
“O eleitorado passa a ter uma justa expectativa de atuação daquele mandatário eleito, sendo mais fácil fiscalizá-lo e cobrá-lo. O eleitorado deu o recado: chega de encenação, queremos resultados”, finalizou.