Por Inaldo Sampaio / Coluna Fogo Cruzado – 7 de junho de 2019
No mesmo dia em que saíram os números do Atlas da Violência 2017 apontando que Pernambuco, naquele exercício, foi o quinto estado mais violento do Brasil com 57,2 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, o governador Paulo Câmara anunciou a convocação de mais 500 homens para reforçar os quadros da PM.
O objetivo das nomeações é suprir carências na Polícia Militar, que tem o mesmo efetivo há 30 anos: cerca de 19 mil homens para 27 mil vagas disponíveis. Esse efetivo jamais estará completo por pelo menos duas razões. Primeira, as limitações financeiras do Estado que o impedem de investir em segurança pública percentual da receita superior àquilo que ora investe. Segunda, as regras previdenciárias dos militares são mais generosas que a dos demais servidores públicos.
De acordo com dados obtidos no Portal da Transparência, há em Pernambuco, hoje, 1,7 policial ativo para cada inativo, uma relação insustentável do ponto de vista previdenciário. Além disso, em geral os militares vão para a reserva com cerca de 50 anos de idade, o que torna ainda mais deficitário o nosso sistema de previdência. Significa que quando o governador resolve convocar mais 500 homens para preencher claros na PM, é porque pelo menos mil já passaram para a inatividade.
O exército de inativos
Pernambuco tinha em 2017 exatos 12.075 militares inativos, ante 13.012 em 2018. Como a maioria dessas pessoas veste o pijama com menos de 50 anos de idade e não aguenta ficar em casa só vendo televisão, procura um “bico” para completar a renda e geralmente o encontra na “Guarda Patrimonial”, ideia do governo Miguel Arraes.