Dilma chega com a crise
Por Magno Martins
Em meio a um cenário de incertezas, de agravamento da crise nacional, a presidente Dilma cumpre agenda, amanhã, no Estado, participando da inauguração da Fiat, em Goiana. Desembarca na base aérea no final da manhã e de lá segue de helicóptero para o complexo industrial da montadora.
Líderes de movimentos que organizam as manifestações de rua se organizam para promover um ato contra a presidente, mas dificilmente terão êxito, porque a solenidade será fechada, com poucos tendo acesso, como convidados especiais e trabalhadores da empresa, que devem fazer o palanque para ela falar.
Uma fala sem novidades diante de um governo que envelheceu antes do tempo. A face mais visível, diante dos escândalos de corrupção que parecem não ter fim, é a paralisia. Pior: o desemprego bate na porta dos brasileiros e as projeções de crescimento para 2015 são as piores possíveis.
O país do “governo novo, ideias novas”, vendido durante a campanha eleitoral, não conseguiu espantar o fantasma da inflação. Medidas impopulares foram tomadas diante da necessidade de ajuste urgente das contas. Com o cinto mais apertado, as ruas, inflamadas pela oposição, já começaram a mandar o recado. A presidente também enfrenta dificuldades para convencer até os aliados.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) criticou os tarifaços de luz, água e combustíveis. No plano político, o diálogo com a outra metade do Brasil, prometido por Dilma em discurso logo após a divulgação do resultado da eleição, não aconteceu. A presidente “que não escuta ninguém” se isolou ainda mais. Diante das crescentes denúncias de corrupção, mergulhou.
Dilma saiu da toca, mas ainda não conseguiu colocar em prática o plano de recuperação de sua popularidade. Cientistas políticos apontam que a presidente falhou ao escolher como principal interlocutor político alguém controverso como o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Alegam que falta articulação política para flexibilizar as importantes relações com o Congresso Nacional.