Em entrevista, ex-presidente diz apostar em avaliação da História.
Agência O Globo / Foto: Reprodução
RIO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou em entrevista à BBC Brasil, publicada nesta sexta-feira, que não aposta no julgamento do Senado para o processo de impeachment de sua sucessora e aliada Dilma Rousseff e, sim, no da História. Ao mesmo tempo, se mostrou otimista, afirmou torcer e ter esperança de que o Congresso não vai afastá-la. Lula disse ainda, sem citar nomes, que Dilma irá se “expor corajosamente” no Senado “para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela”.
“Vai ser um momento importante, um momento histórico porque a presidenta vai ao Senado se expor. Ela corajosamente vai se colocar diante de seus acusadores para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela”, afirmou, complementando:
“Às vezes a História demora séculos para julgar e eu trabalho com isso. A História não termina dia 29. Ela começa dia 29”.
O ex-presidente ressaltou que uma maioria eventual “se juntou para tirar a presidente”. Lula afirmou ainda que o presidente interino Michel Temer, que é constitucionalista, sabe que o processo é ilegal “porque a Dilma não cometeu crime e porque é um golpe parlamentar”.
Lula também falou sobre o legado do PT, em meio ao impeachment. Para ele, o afastamento de Dilma não tem a ver com suas decisões na área econômica, mas ocorre porque “parte da elite política e econômica” não admite a ascensão social dos mais pobres.
Sobre o inquérito por suspeita de obstrução à Justiça na Operação Lava-Jato, Lula se diz alvo de mentiras e vítima de acusações sem “uma única prova” e volta a afirmar que não tem medo se ser preso.
“Estão procurando razões para justificar o processo. Eu estou tranquilo, tenho consciência do meu papel nessa história toda, estou tranquilo porque eles inventaram que eu tenho um apartamento e vão ter que provar que o apartamento é meu, ou me dar um apartamento”, declarou.