“Não tendo crime do que me acusar, invetam que é crime aquilo que não é crime”, declarou a presidenta.
Folha de São Paulo / Foto: Pedro Ladeira
Em um discurso duro diante de uma plateia de simpatizantes de seu governo, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (27) que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o “pecado original” do impeachment, processo que, na avaliação da petista, é uma tentativa de “encurtar o caminho para o poder” de pessoas que não venceram as eleições.
“O senhor presidente da Câmara, que tem acusações e pedidos de processo no Supremo Tribunal Federal, abriu o impeachment. Esse é o pecado original”, afirmou Dilma. “Não vamos deixar que encurtem o caminho para o poder numa eleição falsificada de impeachment”, completou.
A presidente acusou Cunha de tentar fazer “um jogo escuso” com o governo ao pedir que o PT orientasse seus três deputados no Conselho de Ética da Câmara a votarem a favor do peemedebista em troca de não aceitar o pedido de impeachment. O PT, porém, pediu que os parlamentares votassem contra Cunha e o presidente da Câmara aceitou, na sequência, o processo.
“Um governo que aceita uma negociação dessas é um governo que entra em processo de empodrecimento”, completou Dilma.
À época, o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, recebeu aliados de Cunha para conversas em seu gabinete, mas sempre negou qualquer tipo de negociação.
Sem citar o nome de Cunha nem o do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumirá o Palácio do Planalto caso o Senado decida afastar Dilma durante o julgamento do impeachment, a presidente disse que não é acusada de nenhum crime e que “inventam” um crime para poder tirá-la do cargo.
“Eu não tenho contas no exterior, jamais usei dinheiro público para me beneficiar, não tenho acusação de corrupção. Então, o que eles fizeram? Arranjaram uma acusação. Toda acusação arranjada é frágil. Me acusaram de ter praticas contábeis incorretas. Para me beneficiar? Não”, disse a presidenta quase chorando.