As universidades federais brasileiras, que passaram por uma fase de expansão nos primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentam agora uma crise de desfinanciamento. Após anos de crescimento, o orçamento para o ensino superior sofreu grandes cortes nos governos Temer e Bolsonaro e a expectativa de aumento de verbas na atual gestão de Lula não se concretizou. A situação levou a uma greve em pelo menos 29 dessas instituições desde 15 de abril.
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), localizada em São Francisco do Conde, na Bahia, é um exemplo dessa realidade. Apesar de ter se tornado uma comunidade acadêmica vibrante, a falta de recursos é evidente. A universidade não possui salas de aula adequadas para seus cursos de graduação e pós-graduação, e enfrenta problemas de transporte público e falta de residência universitária.
Em 2024, a Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, viu o valor real investido por estudante cair 28,8% em comparação com 2018. O número de alunos, aulas e serviços prestados, no entanto, continuou a crescer.
A falta de recursos também afeta a qualidade do ensino. Segundo a Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec), 29 universidades brasileiras caíram de posições no ranking mundial de universidades de 2023. O principal fator para o declínio é o desempenho em pesquisa, em meio à intensa competição global entre instituições bem financiadas.
A situação atual das universidades federais é preocupante. É fundamental que o plano de democratizar o acesso ao ensino superior no Brasil seja acompanhado de um aumento na qualidade da educação. Caso contrário, a democratização será inconclusa.
Situação da Univasf
A Reitoria da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) se solidarizou com os servidores Técnico-Administrativos em Educação (TAEs) da instituição, que decidiram aderir à greve nacional da categoria. A paralisação terá início amanhã (29).
“A Univasf aguarda a realização de reunião com os representantes do Comando de Greve TAE Univasf o mais breve possível, para tratar da manutenção dos serviços essenciais prestados pela Universidade à sociedade”, declarou a reitoria, em nota.
A Assembleia Docente votou contra a deflagração da greve.
* O texto original é de Ligia Guimarães.