Noventa por cento do mercado financeiro avalia negativamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o anúncio do pacote de corte de dados que veio aquém do esperado para colocar as contas públicas em ordem. Essa é a constatação da nova pesquisa da Quaest divulgada nesta quarta (4) com 105 agentes do mercado, entre gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão.
O levantamento também apontou um enfraquecimento do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, no governo. Ele chegou a ser apontado anteriormente como um dos principais influenciadores para segurar o excesso de gastos de Lula e teve a confiança do mercado.
“Para o mercado, o equilíbrio fiscal não é prioridade para o governo. Na lista de preocupações, segundo o mercado, esse é o último item da lista. O primeiro é a popularidade do presidente, sugerindo que o governo não decide a partir de critérios técnicos”, disse Felipe Nunes, CEO da Quaest. Veja abaixo a avaliação de Lula pelo mercado.
Para ele, essa avaliação negativa reflete a reação do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado por Haddad na semana passada. Na avaliação dos agentes do mercado, o arcabouço fiscal tem pouca (42%) ou nenhuma credibilidade (58%).
“Nos padrões atuais, a regra de gastos não se sustenta no longo prazo. Para 37%, a regra de gasto é sustentável até 2025 e para 34%, ela se sustenta só até 2026. Dai em diante, a expectativa da maioria é que o arcabouço não consiga mais se manter”, pontuou Nunes.
Com isso, a avaliação de Haddad despencou entre os agentes do mercado financeiro após ter atingido um pico em julho do ano passado. Neste momento, já prestes a completar o segundo ano de governo, o ministro tido até então como o mais forte da Esplanada tem uma avaliação positiva de apenas 41%.
“O que mudou significativamente no último ano foi, no entanto, a força do Ministro dentro do governo. Na percepção de 61% dos agentes de mercado [ante apenas 4%], a força de Haddad está menor que no começo do mandato. A piora na percepção é significativa ao longo do tempo”, ressaltou Felipe Nunes.
Já a avaliação positiva do poder de Haddad despencou de 51% para apenas 4%.