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Deputado afirma que alertou Bolsonaro sobre irregularidades na compra da Covaxin

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Foto: reprodução
Luis Miranda (DEM-DF) é irmão de servidor da Saúde que relatou ter sofrido pressões para acelerar a importação do imunizante
Por Revista Oeste

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou, em entrevista ao site O Antagonista, que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre indícios de supostas irregularidades envolvendo a contratação, pelo Ministério da Saúde, da vacina indiana Covaxin, contra a covid-19.

Como Oeste noticiou nesta terça-feira 22, a CPI da Covid pretende aprovar requerimentos de convocação de Miranda e de seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor da pasta, para prestar esclarecimentos sobre o assunto. O irmão do deputado relatou ter sofrido pressão atípica de superiores para acelerar a importação do imunizante.

Luis Miranda esteve com Bolsonaro pelo menos em duas ocasiões, nos dias 29 e 30 de janeiro deste ano. O encontro do dia 29 foi, inclusive, registrado no perfil do deputado no Instagram. No dia seguinte, o parlamentar acompanhou o presidente em um passeio de moto em Brasília.

O irmão do deputado do DEM chegou a ser exonerado do Ministério da Saúde — o que teria contrariado Miranda. Alguns dias depois, entretanto, foi readmitido pelo governo.

“Em janeiro, previ para o presidente que algumas coisas ocorriam no Ministério da Saúde e que a gente tinha que conversar”, disse Luis Miranda a O Antagonista. “Quando aconteceu o fato, eu comuniquei para ele no dia 20 de março, junto com o meu irmão no Palácio do Planalto, com toda a documentação em mãos. O próprio presidente, quando bateu o olho, falou: ‘Que empresa é essa?’. Eu digo para ele: ‘Presidente, essa é a mesma empresa do caso da Global’. O presidente tinha que se sentir privilegiado, na verdade. Confio tanto nele no combate à corrupção que levei o caso para ele.”

Ainda de acordo com o deputado, sua preocupação foi levar ao presidente os indícios de corrupção no processo. “Quando vi a corrupção ali, clara, visível, pelo menos os indícios eram de algo errado, levei para o presidente da República, hoje o maior defensor no combate à corrupção”, afirmou Miranda. “Quando entrego para ele, comento: ‘É o mesmo grupo econômico que recebeu por medicamentos do Ministério da Saúde e não entregou’. Só por isso aí, ele não já deveria fazer negócio com eles”.

“Meu irmão está recebendo uma p… pressão de coronéis, de gente da cúpula do governo, para fazer um pagamento e importar uma vacina que não tem Anvisa, para fazer um pagamento que estava em descompasso com o contrato, e pior: o nome da empresa que vai receber o dinheiro não é a que fez o contrato com o Ministério da Saúde, nem a intermediária”, disse o deputado. “É uma loucura. Fora as quantidades: o contrato previa 4 milhões na primeira entrega e só tem 300 mil”.

O contrato para a aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin foi assinado em 25 de fevereiro — quase um mês depois dos encontros entre Miranda e Bolsonaro. Após o acordo, os dois voltariam a se reunir no Palácio da Alvorada em 20 de março.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação da Covaxin, mas sob condições excepcionais: o imunizante só pode ser aplicado em até 1% da população brasileira, assim como a vacina russa Sputnik V. Está autorizada a aplicação somente das doses importadas e daquelas fabricadas em plantas inspecionadas pela Anvisa. Até o momento, o órgão liberou a importação de 4 milhões de doses.

A negociação para a compra da Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, representante no Brasil da Bharat Biotech. O sócio da empresa Francisco Emerson Maximiano prestaria depoimento nesta quarta-feira, 23, à CPI da Covid, mas informou que não poderá comparecer por estar cumprindo quarentena imposta pela Anvisa após viagem à Índia.

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