Depoimentos desse quarteto, anexado à denúncia, colocam Lula como o chefão do esquema.
Do Diário do Poder / Foto: Reprodução
Desafiados a “provar” atos de corrupção do ex-presidente Lula, como se já não tivessem feito isso, os procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava Jato anexaram à denúncia contra ele, por corrupção e lavagem de dinheiro, o depoimento do ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP-PE), que revelou bastidores da organização criminosa que tomou o controle da Petrobrás. em delação premiada. Lula é citado 136 vezes em depoimentos de investigados na Lava Jato.
Nesse depoimento, sob acordo de delação premiada, Corrêa atribuiu a Lula diálogos que colocam o petista no centro do esquema de loteamento dos cargos graduados da estatal petrolífera. O relato do ex-deputado é uma das peças que a Procuradoria usa na denúncia que acusa o ex-presidente de “comandante máximo do esquema de corrupção”.
A Procuradoria também juntou à denúncia os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, do ex-diretor de Internacional da estatal, Nestor Cerveró, e do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS).
“O controle de todo esquema criminoso por Lula ficou muito claro quando, em 2006, antes das eleições, Pedro Corrêa e José Janene (então presidente do PP e idealizador do esquema de propinas na Petrobrás) foram apresentar para Lula reivindicações de novos cargos e valores que seriam usados em benefício de campanhas políticas”, afirma o Ministério Público Federal.
Na ocasião, Lula teria negado os pleitos, segundo a delação de Pedro Corrêa. “Vocês têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente. Paulinho tem me dito”. Paulinho, segundo a denúncia, é Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, que inaugurou a rede de propinas da estatal. Sua diretoria era controlada pelo PP de Janene.
Preso em março de 2014, Costa fechou acordo de delação premiada cinco meses depois. Segundo Pedro Corrêa, naquela reunião em 2006 Lula disse ainda que ‘Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados’.
“Dessa forma, Lula revelou de forma explícita para Pedro Corrêa que tinha o comando da dinâmica criminosa instalada na Petrobrás e dela beneficiava diretamente”, sustentam os treze procuradores da força-tarefa.
Em um trecho de seu depoimento, Pedro Corrêa destacou. “O Governo Lula aparelhou cargos nas esferas estaduais pertencentes à União (delegacias de ministérios, etc) para a ‘companheirada do PT’. Aí foi necessário a negociação com cargos mais altos em empresas públicas para as agremiações da base aliada.”
Segundo o ex-deputado ocorreu ‘uma reunião no gabinete de José Genuíno (ex-presidente do PT), com a presença de Pedro Corrêa, Pedro Henry, Silvio Pereira e José Janene (…); José Dirceu definia; na hipótese de dissenso, o que ocorria na maioria das indicações, as definições eram feitas por Lula’.
Ao abordar a participação de Lula no preenchimento dos cargos diretivos da Petrobrás, Pedro Corrêa informou. “Antes da reeleição de 2006, o colaborador Pedro Corrêa foi procurar Lula, juntamente com Janene. Ambos entraram pela garagem do Planalto, para pedir dinheiro para a campanha do PP. Lula se esquivou, dizendo que não tinha obrigação de ajudar, pois ‘Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados’.
“Em reunião com a bancada do PP no Palácio do Planalto, o presidente Lula também disse que o PP estava bem atendido com os cargos que tinham.”