Início Notícias Delegado da PF que indiciou suspeitos de hostilizar Moraes em Roma ganha...

Delegado da PF que indiciou suspeitos de hostilizar Moraes em Roma ganha cargo na Europa

80
Foto: reprodução

Polícia Federal escolheu o delegado que indiciou a família acusada de hostilizar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para ocupar, por dois anos, o cargo de oficial de ligação junto à Europol (agência policial da União Europeia), em Haia, nos Países Baixos.

Thiago Severo de Rezende foi formalmente indicado ao posto pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, duas semanas antes de rever a posição anterior da corporação e decidir indiciar o empresário Roberto Mantovani Filho, a esposa e o genro, sob suspeita de hostilizarem o magistrado e seus familiares no aeroporto de Roma, na Itália.

O inquérito sobre o ministro do STF era conduzido pelo delegado Hiroshi Sakaki Araújo, do setor de contrainteligência da PF. Ele encerrou a investigação em fevereiro e concluiu que Mantovani havia cometido o crime de injúria real contra o filho de Moraes.

O delegado, porém, não indiciou o empresário porque uma instrução normativa da PF determinando que o procedimento não fosse realizado em crime de menor potencial ofensivo, de pena máxima de dois anos.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou contra o entendimento do delegado, e o ministro Dias Toffoli, do Supremo, deu ordem para que a PF continuasse a investigação.

Após a decisão de Toffoli, Sakaki pediu para deixar a condução do caso. O inquérito foi então repassado para Thiago Severo —chefe direto do delegado. Severo concluiu a investigação no início do mês, revertendo a posição de seu antecessor e indiciando Mantovani e familiares. A mudança é classificada por delegados como algo incomum dentro da corporação.

Normalmente, quando o Ministério Público ou a Justiça indicam novas diligências ou a continuação da apuração, a PF somente cumpre as medidas indicadas, mas mantém o relatório final anterior e encaminha os resultados.

A nomeação para cargos no exterior é vista como prêmio internamente e sempre é direcionada para delegados que ocuparam cargos de chefia ou sensíveis dentro da direção da corporação. As nomeações, em sua maioria, são para períodos de dois anos.

Segundo policiais ouvidos, a nomeação saiu bem antes da previsão de ida de Severo, que deve seguir para a Europa somente na metade do segundo semestre. Procurada, a Polícia Federal não se manifestou.

Além da vaga nos Países Baixos, a direção da PF terá uma série de novas indicações para o exterior a fazer nos próximos meses. São cargos vagos para adidâncias cuja rotatividade é de dois anos.

Há discussões internas para nomeações na Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Chile e Portugal, entre outros países.

Logo no início do governo Lula, Severo foi o responsável pelo relatório que embasou o pedido de Andrei Passos Rodrigues para prisão de Anderson Torres e afastamento de integrantes do Governo do Distrito Federal pelos ataques de 8 de janeiro.

O documento possui 20 páginas, sendo 14 tomadas por imagens. Ele defendia a importância de investigar uma “eventual omissão de autoridades públicas que tinham o dever legal de agir e eventualmente se omitiram” e concluía que as imagens mostravam “erro de avaliação patente pode parte da PM-DF e da SSP/DF”.

Mesmo sem citar Torres, o relatório foi enviado por Andrei para pedir a prisão do ex-ministro e do então comandante da Polícia Militar do DF, coronel Fábio Augusto Vieira.

Thiago Severo de Rezende era da Diretoria de Inteligência Policial, setor da PF que, como mostrou a Folha, foi inflado durante a gestão de Andrei ao receber a incumbência de conduzir inquéritos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Há uma área específica na PF responsável pelas investigações que correm em tribunais superiores —o setor, porém, tem sido esvaziado desde 2022 e perdido suas atribuições.

Atualmente, o setor dentro da Diretoria de Inteligência que coordena as investigações que miram Bolsonaro é comandado por Severo —que só deve se mudar para os Países Baixos após concluídas as investigações sobre as intenções golpistas do ex-presidente.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here