Sérgio Guerra, ex-presidente nacional do PSDB, faleceu em 2014.
Do JC Online / Foto: reprodução
Considerada a delação mais arrasadora da Odebrecht para a região Nordeste, o depoimento à Justiça de João Antônio Pacífico, diretor da empresa, mostra uma relação muito pessoal do executivo com o então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. Pernambucano, Guerra era considerado por Pacífico alguém de seu círculo íntimo. E foi em nome dessa relação que a Odebrecht doou, segundo o executivo, R$ 1 milhão para a campanha do próprio Sérgio Guerra, em 2010, mais R$ 450 mil para campanhas, em Pernambuco, de candidatos a prefeito do partido em 2012. Pacífico não especifica municípios, mas afirma claramente que o recurso foi repassado por caixa 2 via Guerra, que faleceu em março de 2014.
A delação consta na petição 6.765, encaminhada pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, à Justiça Federal em Pernambuco. A petição requer que a JFPE se manifeste sobre abertura de investigação do atual secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico (PSDB).
“A relação que eu tinha com Sérgio Guerra era uma relação direta. Quando tinha algum problema mais voltado para Pernambuco, ou porque algum projeto não estava caminhando, ou algum recurso estava sem ser alocado em algum ministério, apenas perguntava: como está o nosso Pernambuco?”, comenta Pacífico. “E às vezes até coisas que não tinham a ver conosco, uma rua esburacada. ‘O, Sérgio, a rua está lá esburacada e tem recurso’. Era uma coisa até mais pessoal”, relata João Antônio Pacífico.
“Em função disso, nós viabilizamos para a campanha dele ao Senado, em 2010, R$ 1 milhão via Caixa 2. Os pagamentos foram operacionalizados pelo departamento de operações estruturadas. Em 2012 ele não foi candidato, mas foram viabilizados a pedido dele R$ 450 mil para campanhas em prefeituras no Estado de Pernambuco. O codinome dele, que aparece no sistema, é batalha”, descreveu o relator.
“O Pedro Eurico foi um pedido do Sérgio Guerra. O Sérgio Guerra era presidente do PSDB e Pedro Eurico era candidato do PSDB a deputado estadual em Pernambuco. O Sérgio Guerra me pediu e logo em seguida o próprio Pedro Eurico me procurou, então eu consegui que fosse disponibilizado R$ 60 mil para a campanha do candidato. O codinome dele era chorão”, afirma João Pacífico.
Em nota, o PSDB nacional afirma que “apoia as investigações da Operação Lava Jato desde o início e defende que o trabalho das instituições públicas brasileiras avance para os esclarecimentos necessários”.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, informa que está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos.