A ideia é que a unidade seja gerida por um profissional de mercado para potencializar a produção e a venda do produto para novos destinos
Em 2012, a Pesquisa da Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elegeu Araripina como a maior produtora de mel do Brasil. As estiagens prolongadas e a falta de infraestrutura de escoamento do produto arrefeceram o setor. Para retomar a força da cadeia, o Sebrae/PE, em parceria com a prefeitura de Araripina e a Cooperativa de Apicultores do Riacho Fundo recebe, nos próximos dias 14 e 15, um dos mais renomados apicultores do Brasil, Afonso Odélio. A agenda inclui reuniões com gestores municipais para planejar a criação de um entreposto para facilitar a comercialização do mel e um Dia de Campo com visitas às unidades produtivas.
A criação dessa unidade de beneficiamento e venda, em Araripina, pode minimizar um dos principais problemas da cadeia produtiva: escoar o mel. Essa dificuldade envolve desde a aquisição de certificações, que dependem de recursos e investimento, até a estrutura de venda. “Para o produtor, buscar a certificação individualmente custa caro. Porém, se o Sebrae apoiar na adoção de boas práticas para garantir a qualidade do mel que será adquirido pelo entreposto, fica mais fácil escoar a produção”, explica o analista do Sebrae/PE, Johnattan Pereira. A ideia é que a unidade de comercialização seja instalada nesse município, mas beneficie toda a região. Outra proposta é que a unidade seja gerida por um profissional de mercado, favorecendo a conquista de novos destinos e o aumento dos lucros.
A ação é um passo importante no fomento da cadeia produtiva local do mel, que já vem sendo fortalecida pelo projeto Apicultura para o Fortalecimento da Cadeia na Região do Araripe, realizado pelo Sebrae/PE, em parceria com a Associação de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), a Prefeitura de Araripina e a Cooperativa de Apicultores Riacho Fundo. Por meio de consultorias técnicas, a ação vem orientando os apicultores no manejo da produção, com foco na geração de economia, qualidade para o mel e sustentabilidade ambiental. “Graças a essas orientações, os apicultores têm produzido a própria cera alveolada, evitando gastos e o risco de comprar produtos de má qualidade”, explica Pereira.
Outro grande desafio, prossegue o analista, é manter a produtividade em tempos de estiagem prolongada. “Hoje, o Sebrae já oferece aos apicultores técnicas para driblar esse desafio. Uma delas consiste em transferir as colmeias da parte central da caixa para as laterais, estimulando as abelhas a preencherem as demais colmeias. Essa técnica aumenta a produção de mel”, acrescenta o analista.
A meta dessa reestruturação na cadeia produtiva da apicultura do Sertão do Araripe é garantir que, além do mel, sejam produzidos outros insumos, a exemplo das vestimentas, equipamentos e apiários. Uma referência para a região é o município de Limoeiro do Norte, no Ceará, estado que é o segundo maior exportador de mel do Brasil.