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Crise: Governo Lula corta verba do Exército para manutenção de legado olímpico e complexo é fechado no Rio

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio do Ministério do Esporte, cortou um acordo de cooperação que previa repasses para as Forças Armadas manterem e administrarem os centros de treinamento que ficaram como legado da Olimpíada do Rio, de 2016. Como consequência, foram suspensos eventos, treinamentos e competições no Parque Olímpico de Deodoro, na Zona Oeste da capital fluminense, estrutura que pode atender mais de dez modalidades esportivas.

Com a área paralisada e sem verba específica para manutenção, os equipamentos do complexo correm o risco de deterioração. Além disso, setores do governo e da comunidade olímpica temem que a nova condição do legado físico atrapalhe os planos de o País receber os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031. As cidades de Rio de Janeiro e Niterói formalizaram candidatura. A soma de gastos anunciados para erguer o complexo chegou a R$ 900 milhões, de 2004 a 2016, em valores não atualizados.

O ministro André Fufuca, do Esporte, em visita ao Parque Olímpico de Deodoro, em julho de 2024, quando sugeriu que acordo de cooperação seria prorrogado
O ministro André Fufuca, do Esporte, em visita ao Parque Olímpico de Deodoro, em julho de 2024, quando sugeriu que acordo de cooperação seria prorrogado Foto: Mariana Raphael/Ministério do Estadão

Em nota, o Ministério do Esporte informou que “aguarda a sanção do orçamento de 2025 para, a partir da nova realidade orçamentária da pasta, repactuar com o Ministério da Defesa a manutenção dos equipamentos”. A pasta não comentou impactos da paralisação do complexo em treinamentos e competições. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) diz manter conversas com o governo “para que as instalações voltem a operar normalmente”. O centro de comunicação do Exército não se pronunciou.

Os dois acordos firmados entre Esporte e Exército venceram em janeiro e em fevereiro deste ano, após cerca de uma década de prorrogações. O principal deles é de fevereiro de 2017, assinado pelo então comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, e pelo ministro da época, Leonardo Picciani.

O então ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e o general Villas Bôas, na assinatura do acordo de cooperação, em 2017, que chegou ao fim em fevereiro de 2025 e não foi prorrogado
O então ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e o general Villas Bôas, na assinatura do acordo de cooperação, em 2017, que chegou ao fim em fevereiro de 2025 e não foi prorrogado Foto: Fernando Medeiros/Ministério do Esporte

A decisão de não renovar, tomada pela gestão do ministro André Fufuca, do Esporte, foi sinalizada em maio de 2024 em um ofício enviado por Diego Galdino de Araújo, número dois da pasta, para o secretário-geral do Ministério da Defesa, Luiz Henrique Pochyly da Costa.

“Ainda que seja competência deste Ministério do Esporte o ‘estímulo às iniciativas públicas e privadas de incentivo às atividades esportivas’, não resta espaço para esta Pasta, na atual conjuntura, de interpretação diversa que possibilite a prorrogação dos acordos em tela, os quais serão honrados até o fim de suas vigências”, diz o documento obtido pelo Estadão. Desde então, a verba minguou de vez.

Ministério do Esporte sinalizou ao Ministério da Defesa, em maio de 2024, que não renovaria acordo para manutenção do Parque Olímpico de Deodoro
Ministério do Esporte sinalizou ao Ministério da Defesa, em maio de 2024, que não renovaria acordo para manutenção do Parque Olímpico de Deodoro Foto: Reproduão

Em julho, o ministro Fufuca visitou o complexo de Deodoro, reconheceu a importância da área e sugeriu que poderia recuar. Não o fez, porém. “Não podemos falar do sucesso das iniciativas que envolvem o esporte no Brasil sem reconhecer o trabalho feito em parceria entre o Ministério do Esporte e o da Defesa”, disse à época. “O legado olímpico é fundamental para garantir benefícios às próximas gerações.”

O encerramento dos acordos, no início de 2025, adicionou o componente da insegurança jurídica à administração do complexo esportivo pelos militares. Formalmente, a área foi cedida ao município do Rio e o termo de cooperação permitia ao Exército a gestão dela.

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