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Crise castiga bacia leiteira e derruba preço do leite e do queijo

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Produtores de leite e queijarias não conseguem escoar a produção

Foto: reprodução

A crise econômica do coronavírus vem afetando de forma diferente as cadeias produtivas do agronegócio em Pernambuco. Se no setor sucroalcooleiro a crise passou raspando, porque as usinas pararam de moer antes da quarentena, garantindo recorde na safra, que alcançou 12,5 milhões de toneladas. A fruticultura mantém o ritmo, assim como o setor avícola. Mas é no Agreste, que a situação está ficando feia. Ali, a bacia leiteira está sendo duramente impactada.

A região reúne 21 municípios e mais de 20 mil produtores, que colocam no mercado 1,8 mil litros de leite por dia. Com os bares e restaurantes sem operar devido à quarentena, a demanda por queijo caiu drasticamente e os produtores de leite não estão conseguindo vender como antes para as queijarias e nem nas feiras livres, que foram proibidas em muitas cidades do interior.

O preço despencou. “O litro do leite está sendo vendido nas queijarias a R$ 0,40 e queijo coalho, que absorve 60% da produção do leite, está indo à venda em torno de R$ 5,00”, informa Pio Guerra, presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco, FAEPE. “Imagine que, em 2012, no começo da seca, o leite era vendido na indústria a R$ 1,20. Hoje alcança R$ 1,30. Oito anos depois o aumento nem cobriu nem a inflação”, analisa.

O secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, precisou solicitar aos prefeitos de Venturosa e Capoeiras que reabrissem as feiras de queijo, o que ajudou a aliviar um pouco a situação. “São as principais feiras de queijo do estado e orientamos com medidas sanitárias, como afastamento das barracas, máscaras e luvas”, explica.

Mas a principal medida aguarda uma posição da ministra  da Agricultura, Tereza Cristina. Segundo Dilson Peixoto, foram solicitados mais recursos para os Programa de Aquisição Familiar (PAA) e Programa do Leite.

Em reunião com o ministro da Economia Paulo Guedes, a ministra teria recebido sinalização, no último dia 31, de um aporte de R$ 1 bilhão para ajudar produtores de leite, hortifruti e flores. Metade dos recursos, R$ 500 milhões, devem ir para o PAA.

É através deste programa que o poder público compra dos produtores de cooperativas e associações. Os produtos adquiridos são destinados a instituições filantrópicas ou restaurantes populares. “O governo ajuda o produtor familiar, comprando seus produtos, e alimenta quem tem fome”, explica o secretário.

Já o Programa do Leite, que tem por objetivo distribuir o produto entre famílias carentes, vinha assistindo seu orçamento encolher. Em 2017, o orçamento foi de R$ 80 milhões e a previsão orçamentária para este ano estava em R$ 12 milhões. O governo do estado entra com 10% sobre a verba destinada pela União. “Agora, nesta crise, negociamos com o governo federal recursos para incluir o queijo nas cestas de alimentos que serão entregues a 400 mil famílias de estudantes da rede pública. Serão 400 toneladas de queijo, o que dará mais oxigênio ao setor”, explica o secretário.

Pio Guerra reclama que a situação do leite seria menos grave se as prefeituras comprassem o leito in natura em vez do leite em pó, que vem de fora. “Tem gente que produz 100 mil litros por dia. Muita gente tem jogado leite fora”, lamenta Guerra, ressaltando que a necessidade de ordenamento na cadeia do leite é uma demanda antiga do setor. “Faz tempos que lutamos por uma ação do governo junto às indústrias para garantir a compra do leite local”, diz.

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