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Crise: Caixa teme falta de recursos para atender crescimento do crédito imobiliário em 2025

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Foto: divulgação

Por Estadão

Após mais um trimestre de crescimento forte da carteira de crédito imobiliário, que chegou a R$ 754 bilhões, a Caixa Econômica Federal fez um alerta para a necessidade de conquistar mais fontes de recursos para a linha, que enfrenta um dilema com o encolhimento da poupança e a maior participação de captações de mercado, mais caras.

“Os recursos estão no limite da capacidade de financiamento da habitação”, disse o presidente da Caixa, Carlos Vieira, em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco, na semana passada. O executivo disse que é preciso criar mecanismos que reduzam o custo de capital para a linha, que tem forte efeito multiplicador na economia. “Em 2024, a questão da habitação está resolvida. Em 2025, não sabemos”, disse ele.

Para impedir que o “copo fique vazio”, Vieira cobrou medidas do governo, em três frentes: desenvolver o mercado secundário de crédito imobiliário; estimular a participação de fundos de pensão no segmento; e destinar recursos dos depósitos compulsórios dos bancos à linha. Dessas três, só a primeira está sendo resolvida, após o Ministério da Fazenda editar meditas para fomentar, por exemplo, a negociação de carteiras de imóveis pelos bancos.

A Caixa tem despontado no financiamento habitacional desde o ano passado, porque, com os juros a dois dígitos, os bancos privados, que têm um saldo menor de captações via poupança, reduziram as concessões. A Caixa as manteve, mas também foi afetada pelos saques na caderneta de poupança e teve de reforçar as captações através de letras de crédito, que são remuneradas a um porcentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, a taxa cobrada pelos bancos nas transações feitas entre eles).

No primeiro trimestre deste ano, a Caixa conseguiu reverter a queda dos depósitos de poupança, que subiram 2,7% em um ano, para R$ 358,684 bilhões. Também aumentou o saldo de Letras de Crédito Imobiliário em 69,2%, para R$ 158,225 bilhões, abocanhando 43% do estoque desse tipo de título no mercado brasileiro.

A questão é que a Caixa está ‘sobreaplicada’ em crédito imobiliário. A carteira imobiliária do banco que é financiada por recursos da poupança equivale a 88% dos depósitos, bem acima dos 65% que o Conselho Monetário Nacional (CMN) determina que devem ser destinados ao produto. A diferença é complementada pelos instrumentos de mercado, que são mais caros.

E as concessões de crédito imobiliário continuam fortes no banco público, apesar da limitação do funding, comentou a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães. Segundo ela, são 2,8 mil novos financiamentos liberados por dia, em média.

Em uma possível fonte, a Caixa prepara uma emissão no exterior de títulos verdes, que seguem critérios sociais, ambientais e de governança (ESG, na sigla em inglês). O valor vai depender do interesse dos investidores, disse o vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital, Paulo Rodrigo. O banco público fez reuniões recentes nos Estados Unidos para avaliar esse interesse, o chamado non-deal roadshow. No ano passado, fez sondagens na Europa e teve sinalização positiva por gestoras de recursos.

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