Elisângela Barbiere é assessora do deputado André Ceciliano (PT) e fez transações de R$ 26.510.942,00, entre 2011 e 2017. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro movimentou no mesmo período R$ 1.240.000,00
Por Cássio Bruno e Correio Brasiliense / Foto: reprodução
Quem é Elisângela Barbiere? É assessora Especial de Técnica Parlamentar lotada no gabinete do presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), que disputa novamente o posto de comandante da Casa. Segundo o Coaf, quatro funcionários de Ceciliano movimentaram em contas bancárias R$ 49,31 milhões, o maior valor na Alerj.
Consideradas suspeitas, as ações estão sendo investigadas. Pois bem. Elisângela fez transações em uma conta do Banco Itaú, em Paracambi, de R$ 26.510.942,00, entre 2011 e 2017. Como e por que uma assessora, com salário líquido de R$ 5.124,62, movimentou tanto dinheiro?
Sem explicação
Ceciliano não deixou Elisângela se explicar sobre a fortuna. Informou que sua assessora só falaria ao Ministério Público. “O Coaf descreve que foram (movimentações) entre CNPJs, uma vez que ela tem participação societária numa empresa”, disse ele.
Construção
O relatório sobre Elisângela é extenso. Diz que ela é possível sócia da Recop Recursos Operacionais, ramo de materiais de construção. Mas não especifica se o dinheiro refere-se à empresa. Diz só que a Recop hoje está “baixada”, ou seja, fora de atividade.
Incompatível
O Coaf informa que Elisângela fez 138 saques, em dinheiro vivo, de R$ 980 mil. Mais: em 2016, ano eleitoral, fez transações de R$ 2 milhões. “A movimentação financeira em conta não foi considerada compatível”, escreveu o órgão.
Depósitos
Outros R$ 483,5 mil “correspondem a depósitos em espécie, realizados nos caixas eletrônicos e terminais de caixa das agências na cidade do Rio de Janeiro”, diz o Coaf.
Igrejas e pet
Foram rastreados R$ 169,9 mil da assessora em transferências recebidas de pessoas e empresas ligadas a organizações religiosas e comércio de medicamentos veterinários.
Servidores
Nas movimentações consideradas atípicas pelo Coaf, consta que a assessora de Ceciliano fez transações envolvendo servidores e ex-comissionados de órgãos públicos, inclusive da Alerj.
Paracambi
Elisângela Barbiere conhece André Ceciliano há anos. O deputado foi prefeito de Paracambi, município da Baixada Fluminense onde a assessora mora com a família.
O casal amigo
Elisângela e o marido, Carlos Alberto Dolavale, sempre apoiaram as campanhas do parlamentar. Dolavale, aliás, aparece entre os assessores do gabinete que fizeram transações atípicas, afirma o Coaf.
Lembrando
São investigados assessores de mais 19 deputados. O relatório faz parte da Operação Furna da Onça.
Atualizando
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que fez relatórios sobre as movimentações financeiras dos assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, já tem em mãos números relativos a anos anteriores a 2017 no Rio e em Brasília. Para quem não se lembra, foi nesse meio que os analistas “pescaram” Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
Como diria Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira, o “pratrasmente” indica movimentações volumosas nos últimos 10 anos. As pesquisas serão de 2007 para cá e pretendem pegar todo o período que assessores — inclusive Queiroz, o sumido — serviram aos deputados.