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Carta aberta dos comerciantes a Paulo Câmara

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Excelentíssimo governador, Paulo Câmara,

Todos nós, empreendedores, representantes de empresas de todos os segmentos e portes entendemos a gravidade da pandemia do coronavírus e os riscos para a saúde da população. Desde o início, acompanhamos atentos todas as notícias e nos colocamos como aliados nesse momento de dificuldade, com o intuito de ajudar as autoridades a minimizar os efeitos disso tudo.

Fomos parceiros de primeira hora, quando nos orientaram sobre a necessidade do fechamento do comércio para retardar a disseminação do vírus. Afinal, seria a única maneira de evitar o colapso do nosso fragilizado sistema de saúde. Focamos, todos, no objetivo de achatar a curva e evitar uma tragédia ainda maior em nosso Estado.

Mas agora precisamos de novas respostas para perguntas pertinentes, diante do cenário que se apresenta: seria coerente manter a mesma postura 75 dias depois do fechamento das portas de nossos empreendimentos?  Já não temos informações suficientes para entender que será preciso adotar medidas de convivência com o vírus até que uma vacina possa ser disponibilizada? Até quando vamos insistir em achatar a curva somente com o isolamento social?

Não somos inimigos da ciência, nem pessoas levianas indiferentes ao bem-estar de nossos colaboradores, clientes, familiares e amigos. Só queremos alertar para a necessidade de uma mudança de postura a fim de que outros problemas também não recaiam, mais uma vez, no sistema de saúde. Afinal, muita gente não tem mais recursos suficientes para pagar a mensalidade do plano de saúde, fazer exames ou comprar remédios de uso contínuo, por exemplo.

Por tudo isso, acreditamos que é preciso olhar para o lado, “para o quintal do vizinho”. Podemos citar estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul… todos com baixos índices de letalidade por coronavírus. Até mesmo a Bahia e o Piauí têm números bem melhores que os de Pernambuco. Então, o que esses estados estão fazendo de diferente?

Recentemente, quando fiz esse questionamento a um secretário de Estado ele prontamente respondeu: Minas está escondendo os números. Mas será que Minas conseguiria esconder a realidade se a taxa de ocupação dos hospitais não estivesse devidamente controlada? Não se tem notícias de unidades de saúde lotadas por lá. As poucas vezes que o Estado apareceu na imprensa foi, em sua maioria, de forma positiva, como unidade da federação que conseguiu controlar os números de contágio e de mortes.

Sendo assim, a nossa proposta é ir mais a fundo no entendimento das medidas adotadas por esses estados e corrigir os nossos rumos com humildade. Não podemos mais manter uma postura, inicialmente correta, às custas de desemprego e falência em massa de milhares de empresas e do sufocamento financeiro de tantas famílias que delas dependem.

Djalma Farias Cintra Junior
Presidente da Federação das Associações Comerciais de Pernambuco

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