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Brasil registra alta de 53% dos casos de dengue em 2023

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Foto: reprodução

O Brasil tem registrado um aumento no número de casos de dengue em 2023. De acordo com o Ministério da Saúde, o crescimento foi de 53% na quantidade de casos entre janeiro e março em comparação com o mesmo período do ano passado. Já são cerca de 400 mil casos investigados no território brasileiro de acordo com o ministério. Além disso, 117 óbitos também já foram registrados. Para falar sobre esta alta, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o ex-secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Jean Gorinchteyn, que explicou as razões da proliferação do agente transmissor, o mosquito Aedes aegypti, e deu orientações de prevenção: “As pessoas precisam lembrar algo que é extremamente importante: 90% dos focos de dengue ocorrem nas casas. O mosquito da dengue adquiriu hábitos absolutamente urbanos, com voos diurnos. E com isso acabam estando dentro das casas, favorecendo a sua multiplicação. É muito comum que a gente fale para olhar as caixas d’água e as calhas das casas de forma frequente e que evitem acúmulo de água nos jardins, mas isso deve ser feito toda semana”.

“Ao mesmo tempo, a gente tem que fazer algumas orientações, especialmente para as pessoas que vivem em municípios que existem um número muito grande de casos. Além dessas observâncias, que cada um faz a sua, está a utilização, se possível, dos repelentes e a utilização de roupas claras. Esse mosquitinho tem o que nós chamamos de fotofobia, ou seja, se tiver muita luz ele acaba tendo uma repelência. Então, roupas claras servem também como ajuda e apoio na repelência dos mosquitos. Usar tomadinhas de repelente em casa também favorece muito. Acaba criando um ambiente hostil para a entrada do mosquitinho”, explicou.

O infectologista lembrou que o período entre o fim da primavera e o começo do outono favorece a proliferação do mosquito e destacou dados sobre o aumento da doença no Brasil: “Em todo o país nós tivemos 162% de aumento do número de casos de 2021 para 2022. Para se ter uma ideia, além do número de casos, o Brasil contabilizou mais de mil mortes decorrentes da doença [em 2022], mostrando que não só nós temos um grande número de pacientes comprometidos, mas também a gravidade da doença passou a estar mais presente, o que faz com que a atenção deva e mereça ser redobrada. Só na cidade de São Paulo, nós tivemos 47% de aumento no número de casos, se nós compararmos com o mesmo período de janeiro, fevereiro e março do ano passado. Períodos quentes e chuvosos permitem uma maior proliferação do mosquito do Aedes aegypti, especialmente das fêmeas do Aedes aegypti, que acabam fazendo a ovoposição, acabam depositando os ovinhos, que rapidamente, no período de uma semana, transformam-se em mosquitos”. Gorinchteyn também falou sobre as novas vacinas que foram aprovadas pela Anvisa.

“A liberação da Anvisa permite claramente que nós tenhamos uma vacina. Já temos uma vacina da Sanofi, a Dengvaxia, que tem como fundamento a imunização de pessoas de 4 a 45 anos. Mas lembrando que só pessoas que já tiveram dengue podem tomar esta vacina. Em relação a esta nova vacina, da japonesa Takeda, é uma vacina que pode ser dada a pessoas de 4 a 60 anos, porém em qualquer pessoa, mesmo que tenham tido ou não dengue. Isso é algo muito importante porque nós queremos fazer a prevenção”, declarou.

Por fim, o ex-secretário de Saúde falou detalhes dos sintomas da dengue, como distingui-la da chikungunya, doença que também tem afetado os brasileiros, e destacou a redução nos casos de zika: “A dengue é uma doença muito cosmopolita. Então, ela não escolhe classe social, idade, raça e nada disso. O mosquitinho voa, ele não tem limitação (…) Adultos acabam sendo os mais comprometidos, mas infelizmente idosos também pode ser. Dengue é algo que a gente chama de ‘dor em quebra ossos’, existe uma dor muscular muito grande, exatamente pelo processo de inflamação que acontece nos músculos (…) Tendo esses sintomas, procure um profissional médico, até porque a gente precisa fazer alguns acompanhamentos para não ter a complicação que nós chamamos de dengue hemorrágica, que acontece em uma fase mais tardia da doença, cerca de cinco a sete dias após o início dos sintomas.”

“Cada mosquitinho vai transmitir um vírus só, ou vai ser dengue, ou zika ou chikungunya. Esses vírus acabam causando complicações. Qual a diferença entre dengue e chikungunya? Chikungunya dá menos dores musculares, mas dá muita dor nas articulações, nas juntas, fazendo com que em alguns casos hajam doenças até incapacitantes. Por isso, se está com dor nas juntas, com febre de forma aguda e mais um vermelhinho pelo corpo, procure um profissional médico (…) Felizmente hoje nós temos menos zika, a gente sempre tinha muita preocupação com a síndrome congênita da zika, ou seja, as alterações que o bebezinho em qualquer fase da gestação poderia ter, ou malformação no início da gestação, ou alterações que poderiam aparecer só na idade escolar”, disse.

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