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Bolsonaro terá uma transposição para chamar de exclusivamente sua, no maior estado do Nordeste

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Foto: reprodução

Transposição do São Francisco terá um Eixo Sul, para beneficiar a Bahia. Codevasf contrata projeto

Jornal do Comércio

O governo Bolsonaro está se preparando para gravar seu nome no projeto da transposição do São Francisco, começada por FHC e concluída por Temer, com a chegada das águas na cidade de Monteiro, na Paraíba. Em Pernambuco, o projeto é conhecido pelo Eixo Norte, que leva água para a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e o Eixo Leste, que leva água para o Ceará. A novidade é que finalmente vai começar a sair do papel o Eixo Sul, que levará água para a Bahia, mais especificamente para o Norte e o Nordeste da Bahia.

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), controlada pelo Centrão, sob Bolsonaro, já contratou o projeto executivo da nova obra, última etapa antes do início propriamente dito dos canais. A elaboração dos projetos e do EIA-Rima ajuda a definir o percurso do canal e para definição do custo da obra.

“A Codevasf contratou no início do ano o projeto executivo do canal do sertão baiano (Eixo Sul da Transposição), salvo engano por R$ 12 milhões de reais. Deve ficar pronto em um ano e meio e, assim que finalizado, a Codevasf irá licitar a obra. Isso é o governo Bolsonaro priorizando a segurança hídrica do Nordeste Brasileiro”, afirma o ministro Daniel Ferreira, em informe ao blog.

“Qualquer coisa que você otimize a água do São Francisco será fundamental porque hoje a maior parte da água vai para o mar. Será a redenção do Nordeste. Nós estamos trabalhando pela criação de um Eixo Oeste, que vai levar água até o Piaui, passando por Araripina”, explica o ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado.

A obra contribuirá para a segurança hídrica na Bahia, que tem o maior território no semiárido. Na época, as obras do eixo Norte e Leste da transposição do Rio São Francisco não chegavam, no entanto, a 40% de finalização, de acordo com informação oficial do próprio ministério.

Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação)
Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação) – Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação)

Ironias do destino, com Lula e Dilma

Há algumas ironias no caminho da iniciativa. A primeira delas era a reação raivosa dos baianos em aprovar o projeto de transposição para os demais estados, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Para os baianos, a água só podia ser vazada para dentro da bacia do São Francisco, com projetos de irrigação como o baixio do Irecê, no interior da Bahia. Para fora, não podia, como se o rio não fosse nacional, mas propriedade da Bahia.

A segunda ironia é que o projeto começou a ser discutido no governo Dilma, com o PT, mas somente agora, com Bolsonaro, começa a sair do papel.

Outra ironia é que o primeiro anúncio público da obra foi feito pelo então ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, em junho de 2012. Hoje, FBC está fora do governo Bolsonaro, depois de abandonar a liderança do governo no Senado.

“O governo federal vai contratar até o final do ano uma empresa para realizar estudo sobre uma nova transposição das águas do Rio São Francisco. O canal do Eixo Sul, que pode ter entre 500 e 600 quilômetros de extensão, partirá no Lago de Sobradinho, no norte da Bahia, e chegará até “os contornos da Região Metropolitana de Salvador”, passando por todo o semiárido baiano. Com o novo eixo, as águas do São Francisco serão levadas para a bacia do Rio Paraguaçu, que corta o estado e abastece a Grande Salvador, afirmou, uma década atrás.

“É uma obra importante, eu diria até que é um desdobramento natural, agora que nós avançamos para conclusão do projeto de integração da Bacia do Rio São Francisco com os eixos Leste e Norte. É natural que se estude novas áreas a serem beneficiadas com as águas do Rio São Francisco”, frisou FBC, na época.

Na época, estimava-se que a obra contará com investimentos de cerca de R$ 4 bilhões, construindo um canal que levará a água do São Francisco para a Barragem de São José, no município de São José do Jacuípe, centro-norte baiano. A extensão estimada é de 400 quilômetros.

Na Bahia, em 2015, já se falava que a obra deveria custar cerca de R$ 5 bilhões, garantindo água para o abastecimento de cidades como Senhor do Bonfim e Capim Grosso, além de beneficiar os perímetros irrigados existentes na região”.

Lula em visita à transposição em 2010, no fim do segundo mandato (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)
Lula em visita à transposição em 2010, no fim do segundo mandato (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) – Lula em visita à transposição em 2010, no fim do segundo mandato (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Cronologia das promessas no Eixo Sul, até hoje

Depois, em fevereiro de 2013, foi a vez da promessa ser renovada e anunciada pelo então secretário estadual da Casa Civil, Rui Costa, durante a quarta reunião itinerante do Comitê Estadual para Ações de Convivência com a Seca, realizada em Juazeiro, na Bahia. Dezesseis prefeitos dos territórios Sertão do São Francisco e Itaparica participaram do encontro. De acordo com Rui Costa, que coordena o comitê, a transposição foi solicitada pelo governador Jaques Wagner à presidente Dilma Rousseff, que autorizou a realização do projeto. Participaram do encontro os 16 prefeitos dos territórios Sertão do São Francisco e Itaparica.

“Estamos tratando a transposição com total prioridade. Ela será a redenção produtiva dessa região”, defendeu o baiano, que acabou virando governador pelo PT.

Em setembro de 2015, a promessa foi renovada e detalhada pelo então ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Hereda, no gabinete da SDE, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). “A Bahia será beneficiada com 350 quilômetros de canais para aproveitamento das águas do Rio São Francisco, proporcionando ainda a perenização dos rios Vaza-Barris e Itapicuru, no sertão baiano. As obras fazem parte do projeto do Eixo Sul da Transposição do Rio São Francisco.”

“A obra tem uma importância para o desenvolvimento econômico daquela região. É uma obra fundamental. Juazeiro vive um grande momento de expansão econômica, assim como cidades como Umburanas e Campo Formoso, por causa da instalação de usinas de energia eólica, mas o abastecimento de água é fundamental para o crescimento daqueles municípios do centro-norte da Bahia. Sem água e energia elétrica, não podemos pensar em desenvolvimento”, disse o secretário Hereda.

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