O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, anunciou nesta quarta-feira (31) os novos comandantes das Forças Armadas escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Para o Exército, foi indicado o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; para a Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos; e para a Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior. O anúncio ocorre após um princípio de crise entre o Planalto e os militares, que culminou na demissão do ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, e na saída coletiva dos chefes das três forças militares.
Apenas um dos três novos comandantes das Forças Armadas — Marinha e Aeronáutica — foi escolhido com base no critério de antiguidade na carreira militar. Na caserna, existe a tradição de a escolha dos comandantes obedecer à antiguidade dos oficiais generais do último posto da respectiva força – os chamados “quatro estrelas” com mais tempo no topo da carreira.
No caso do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira era o terceiro mais antigo no critério de antiguidade. Na Marinha, o almirante Almir Garnier era o segundo na lista de antiguidade. Nos quartéis, a definição de um nome mais jovem, ou “moderno”, como chamam os militares, costuma ser vista como uma quebra grave da tradição militar.
Apesar disso, a escolha de Bolsonaro fora do critério de antiguidade não é inédita. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff (PT) nomeou para o comando do Exército o general Eduardo Villas Bôas. Ele também era o terceiro mais antigo na carreira, mas até hoje é visto com muito respeito entre os militares.
Ao escolher os nomes sem atender ao critério de antiguidade, Bolsonaro corre o risco de acirrar o desconforto causado nas últimas 48 horas nas Forças Armadas. Mas, independentemente disso, não se espera entre os militares que os novos comandantes darão ao presidente o alinhamento político almejado.
Paulo Sérgio Nogueira ocupava até então a chefia do departamento-geral de pessoal do Exército. Curiosamente, uma entrevista concedida pelo general ao jornal Correio Braziliense no último domingo (28) foi apontada como gota d’ água no processo de substituição do ministro da Defesa. Ao jornal, Nogueira defendeu o uso de máscaras, o home office e o isolamento social como medidas de prevenção à Covid-19, em um claro conflito com o que pensa o presidente Jair Bolsonaro.
Preterido na escolha, o general mais antigo na cúpula do Exército, general José Luiz Freitas, elogiou a escolha em publicação nas redes sociais. “Escolhido o novo Comandante do Exército, Gen Paulo Sérgio, excepcional figura humana e profissional exemplar. Como não poderia deixar de ser, continuaremos unidos e coesos, trabalhando incansavelmente pelo Exército de Caxias e pelo Brasil!”, postou no Twitter. Com informações do Jornal Gazeta do Povo.