De olho no eleitorado endividado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou que o governo federal irá lançar um programa de renegociação de dívidas para cidadãos com débitos pendentes na Caixa Econômica Federal. O anúncio realizado nesta quinta-feira, 6, afirma que os valores poderão ser negociados até 90%. Também foi divulgado um imposto sobre dividendos para pagar gastos com bem-estar social. As medidas analisam uma mudança no foco da campanha presidencial para um maior apelo econômico, uma vez que o atual presidente conseguiu menos votos do que seu concorrente, Lula (PT). O petista recebeu apoio de importantes nomes da economia, como os criadores do Plano Real. Em sua proposta de governo, o ex-presidente aborda diversos assuntos econômicos como o salário mínimo forte, com reajustes acima da inflação para aumentar o poder de compra das famílias, manutenção do Bolsa Família a R$ 600 e mais um valor adicional por criança, negociação das dívidas das famílias que recebem até 3 salários mínimos, facilitação do acesso ao crédito para micro e pequenas empresas, entre outros. Já Bolsonaro cita o plano de manter o Auxílio Brasil em R$ 600, planos de privatização, redução do Estado e propõe incentivos bancários e a consolidação do ajuste fiscal no médio e longo prazo, sem muitos projetos focados no cidadão comum.
Buscando conquistar votos antes do segundo turno, Bolsonaro tem focado em medidas mais populares. Ele concordou em tributar dividendos para pessoas com renda superior a R$ 400 mil para estender o Auxílio Brasil. O perdão de dívidas da Caixa também impactaria 4 milhões de pessoas e 400 mil empresas devedoras. Anteriormente, Lula havia incluído a mesma proposta em seu plano de governo. Os planos econômicos tem sido assuntos centrais para os brasileiros, principalmente em relação ao endividamento de famílias. O Brasil vive um ciclo de aperto monetário que tem impactado negativamente a renda familiar. De acordo com os dados divulgados pela Serasa Experian, em agosto, 67,9 milhões de brasileiros estão inadimplentes e não conseguem quitar as dívidas. Os resultados negativos estão em dois dos principais segmentos econômicos: bancos e cartões de crédito. Ambos representam um total de 28,8% do total de dívidas dos brasileiros. Contas básicas como água, luz e gás representam 22,1% das dívidas e o setor financeiro está em terceiro lugar com 13,8%. Esses são o maiores números desde 2016, quando o levantamento foi criado. O Banco Central ainda afirmou que três em cada dez famílias sofrem com dívidas no cartão de crédito.