O ex-presidente Lula é a prova viva de como a falta de educação faz mal a uma nação
A criação de um “PAC para a erradicação da miséria”, seja lá que nome o marketing venha a dar ao projeto, é necessária meritória. Durante muito tempo prevaleceu no país a ideia de que crescer era suficiente; que o país enriquecer seria por si só motivo para acabar com a pobreza. Não é assim.
É preciso que haja políticas para que essa riqueza não fique concentrada nas mãos de uns poucos, enquanto uma parte enorme fica do lado de fora, sem ter o que comer. Não se pode ter “inimpregáveis”, como bem definiu o ex-presidente Fernando Henrique, nem excluídos da vida social.
Os programas de transferência de renda são necessários, mas são apenas um remendo. O que é preciso é ter um sistema em que todos tenham acesso à vida. Que tenham chances de bons empregos. Que possam abrir negócios. Que possam lutar pelo que querem.
E o único caminho para isso é garantir, antes de mais nada, que todas as crianças estudem em escolas boas. Que terminem os estudos, que não vão para a aula com fome e que não cheguem à oitava série sem saber ler ou escrever decentemente.
Quem nunca ouviu a história dos pais que se sobrecarregam para poder, mesmo sem condições, às vezes, manter os filhos estudando a todo custo, ainda que o preço seja alto? Essas famílias criam filhos com grandes chances na vida, mas na base do sacrifício.
Dar chance a que todos estudem em escolas públicas de qualidade é algo que nenhum governo brasileiro conseguiu até hoje. Se Dilma conseguisse algo próximo disso, teria seu nome gravado na história.
O ProUni, à sua maneira, é mais importante para a inclusão e o fim da miséria do que o Bolsa Família. Não que a renda mínima seja desprezível: quem tem fome tem pressa, ensinava Betinho.
Mas para ter futuro, o programa de combate à miséria tem que investir 90% de seu esforço (e boa parte de seus recursos) em educação. Caso contrário, será apenas um remendo.