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Áudios da PF revelam esquema de desvio de emendas da saúde no CE; assessor de José Guimarães (PT) estaria envolvido

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Foto: reprodução

Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) revelam tratativas entre políticos e um empresário para desviar recursos de emendas parlamentares destinadas à saúde no município de Choró, no sertão cearense. A informação é da Revista Piauí.

As conversas, interceptadas em setembro de 2024, apontam um esquema ligado ao orçamento secreto e a líderes partidários.

No dia 13 de setembro, o empresário Carlos Douglas Almeida Leandro enviou uma mensagem de áudio a Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto, então candidato a prefeito de Choró. Segundo a PF, Leandro propôs o desvio de recursos de uma “emenda de comissão” apadrinhada pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara. Parte da verba, segundo o áudio, seria destinada a um suposto caixa dois.

Leandro afirmou que a proposta foi articulada por Ilomar Vasconcelos, vice-prefeito de Canindé, também no Ceará, e que os recursos poderiam ser direcionados a áreas como saúde, infraestrutura, pavimentação ou saneamento. Bebeto mostrou interesse apenas na saúde, condicionando a decisão a uma reunião com Guimarães.

Dias depois, Bebeto encaminhou outro áudio a Adriano Almeida Bezerra, secretário parlamentar do deputado Júnior Mano. Ele mencionou um desvio de até 12% de uma emenda de R$ 1,5 milhão para a saúde, destacando a necessidade de concluir o acordo antes de 6 de outubro. Bezerra respondeu sucintamente, concordando com o plano.

Na época, Júnior Mano, então filiado ao PL, já havia sido expulso do partido por apoiar um candidato adversário em Fortaleza. Segundo a PF, a relação entre Mano e Bebeto sustentava um esquema de corrupção que incluía desvio de emendas, uso de caixa dois e manipulação eleitoral.

A emenda mencionada, aprovada meses antes pela Comissão de Saúde da Câmara, destinava R$ 1,5 milhão para Choró, dos quais R$ 180 mil teriam sido desviados. Após as eleições, o celular de Bebeto foi apreendido, revelando as conversas que fundamentam as investigações.

Em novembro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, sancionou a Lei Complementar nº 210, formalizando as emendas de comissão, mas transferiu aos líderes partidários o poder de decidir sua destinação. O movimento resultou na alocação de R$ 4,2 bilhões em emendas, incluindo R$ 5 milhões para Choró, sob descrições genéricas que despertaram suspeitas.

Pouco antes do Natal, o ministro do STF Flávio Dino suspendeu os pagamentos, citando “degradação institucional”, mas liberou parcialmente os recursos para cobrir o piso da saúde.

Bebeto, eleito prefeito, foi preso em novembro sob suspeita de desvio de recursos e compra de votos. Após se tornar foragido em dezembro, a Justiça o impediu de tomar posse, transferindo o cargo interinamente ao presidente da Câmara de Vereadores, Paulo George Saraiva.

A assessoria de José Guimarães negou conhecimento sobre o envolvimento de Adriano Bezerra no caso. Júnior Mano e o advogado de Bebeto não se manifestaram. A investigação segue no STF, sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes.

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