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Após crise do Pix, Lula dá bronca em Haddad e quer aumentar controle sobre portarias dos ministérios

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Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu bronca, nesta segunda-feira (20), de forma indireta, em seu ministro Fernando Haddad (Fazenda), por causa da mais recente crise do Pix. Ele sinalizou ainda que quer aumentar o controle sobre atos dos ministérios.

Lula não detalhou como seria essa mudança de fluxo das medidas, mas isso aumentaria ainda mais o poder de Rui Costa (Casa Civil) nos atos da Esplanada. Costa e Haddad, desde o início do governo, já têm quedas de braço em diferentes decisões.

“Daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer uma portaria que depois crie confusão para nós sem que passe pela presidência através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, faz uma portaria qualquer e depois arrebenta e cai na Presidência da República”, afirmou.

Lula não mencionou diretamente Haddad ou a instrução normativa da Receita Federal que ampliava a fiscalização sobre transações de pessoas físicas via Pix que somarem ao menos R$ 5.000 por mês.

Mas a onda de desinformação que seguiu a publicação da nova norma fez o governo admitir derrota e recuar na medida. O tema foi amplamente explorado pela oposição, que saiu vitoriosa com a revogação do texto.

A norma foi defendida até o último momento por Haddad, e teve o novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, como um dos defensores de sua revogação. A análise é de que, quando foi percebida queda no volume dessas transações, o debate estava perdido.

O presidente se irritou com a condução da crise. Tanto ele quanto a Casa Civil afirmam que não tinham conhecimento da medida até a repercussão nas redes sociais.

Entre os pontos criticados, está o fato de uma medida dessa magnitude ter recebido um tratamento burocrático da equipe econômica, sem a definição de uma estratégia de comunicação.

Uma instrução normativa, como a da Receita é um ato técnico, que é assinado pelo segundo escalão de um ministério, e não tem de passar pela Casa Civil. No início do governo, o Planalto já ampliou os poderes da pasta de Rui Costa sobre as nomeações da Esplanada.

O presidente, em seu discurso, elogiou ainda a reforma tributária, sem mencionar ministros envolvidos, como o próprio Haddad ou Alexandre Padilha (SRI).

“Todo mundo sabe o esforço que foi feito para a gente aprovar uma reforma tributária que só vai dar fruto para nós do ponto de vista do atendimento, dos interesses do povo em 2027, mas que vai dar interesse rápido do ponto de vista daqueles que querem fazer investimento no Brasil, daqueles que querem acreditar no Brasil, daqueles que querem vir aqui para ajudar o Brasil a se desenvolver”, disse.

“Não é o povo do anos 1980, não quer apenas ter emprego na fábrica com carteira assinada. É o povo empreendedor e que gosta de ser. Precisamos aprender a trabalhar com essa nova formação do povo brasileiro. Jamais reclamarei pelo fato do povo nos cobrar”, disse.

O chefe do Executivo também se queixou na alta do preço dos alimentos. “Se a gente trabalhou reconstrução e união, agora é reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador, porque alimentos estão caros na mesa do trabalhador”, afirmou.

Como a Folha mostrou, o governo percebeu um aumento da insatisfação de autônomos e empreendedores após a crise do Pix e prepara agora uma campanha com foco nesse público.

Na avaliação de aliados do presidente, o diálogo com o segmento já era difícil e piorou ainda mais com a disseminação de fake news sobre a taxação dessas operações.

O conceito da propaganda ainda será encaminhado, mas, segundo o que já foi informado, será direcionada ao segmento mais sensível à medida, que são os empreendedores.

Está previsto entre os discursos de abertura do encontro de Haddad, Rui, Alexandre Padilha (SRI) e do novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, pela primeira vez para todo o primeiro escalão do governo.

Como a Folha mostrou, um dos seus primeiros atos à frente da pasta foi encomendar uma campanha com foco em autônomos e empreendedores, após diagnosticar grande desgaste com esse público. Na avaliação de aliados do presidente, o diálogo com o segmento já era difícil e piorou ainda mais com a disseminação de fake news sobre a taxação do Pix.

Um dos principais desafios de Sidônio, segundo integrantes do governo, será justamente de alinhar o discurso da Esplanada. Há no Palácio do Planalto um entendimento de que muitos ministros ao proporem uma medida ou tomarem uma decisão nem sempre estão alinhados com o núcleo de governo, ou seja, com o que o presidente quer.

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