Sérgio Cabral detalha esquema de corrupção e diz que baixou o percentual da propina no Rio
Por Arthur Guimarães, Leslie Leitão e Paulo Renato Soares, TV Globo
Cabral foi preso na Operação Lava Jato em novembro de 2016 e suas condenações somam 198 anos e 6 meses de prisão.
O que disse Cabral:
- admitiu que o esquema de “toma lá dá cá” era instituído no governo;
- que empresários dão dinheiro a campanhas em troca de vantagens;
- disse que recebeu mais de R$ 30 milhões de propina e caixa 2 do empresário Arthur Soares, o Rei Arthur;
- pediu desculpas ao juiz Marcelo Bretas por ter mentido antes: ‘Dói muito’;
- confirmou que US$ 100 milhões nas contas dos irmãos Chebbar no exterior eram dele;
- que 90% do que diz o delator Carlos Miranda é verdade;
- que o ex-governador Pezão recebeu propina e mesadas.
- que o ex-prefeito Eduardo Paes recebeu dinheiro de empresários ligados a ele para a campanha, mas que não fazia parte da organização.
Côrtes e Fichtner
No início da audiência, Cabral citou os nomes de ex-colaboradores no governo como o ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, e Régis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil do RJ. O ex-secretário de saúde está presente na audiência desta terça.
“Vim aqui para falar a verdade. Conheci Sérgio Côrtes na campanha de 2006 mais proximamente. Quando acabou a eleição eu falei para o Côrtes que tinha um contrato com o Arthur Soares e combinamos uma propina de 3% para mim e 2% para você. Antes nos governos anteriores Arthur disse que a propina era de 20%. Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro… é um vício”, disse o ex-governador.
O ex-governador Sérgio Cabral também afirmou estar arrependido por não ter falado de propinas anteriormente.
Pezão
O ex-governador contou ainda que o então vice-governador Luiz Fernando Pezão (MDB), que acumulou o cargo, inicialmente, com a secretaria de Obras também recebia propinas. Segundo ele, o valor enviado a Pezão chegava a R$ 150 mil mensais.
“Pezão pediu a mim. Do Pezão, eu mandava entregar para ele. Eram cerca de R$ 150 mil por mês”, disse.
O ex-governador Pezão está preso desde o dia 29 de novembro do ano passado, em operação da Polícia Federal, no Palácio Laranjeiras. A prisão foi baseada em delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral, que disse ter feito pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão, com direito a 13º de propina e bônus de R$ 1 milhão.
Cabral explicou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o motivo de ter decidido falar das propinas no seu governo após mais de dois anos na prisão.
“O que minha família tem passado. E o senhor[ juiz] colocou um ponto importante: É uma situação histórica. Em nome da minha mulher[Adriana Ancelmo], da família e do momento histórico resolvi falar. Hoje sou um homem mais aliviado e vou ficar cada vez mais aliviado. Por isso decidi falar a verdade para ficar bem comigo mesmo”, explicou.