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Anistia ‘vareia’ conforme o freguês

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Foto: reprodução

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – E por falar em anistia, conhecer um pouco de história não faz mal a ninguém. Nas eras de 1935, as torcidas organizadas da caterva vermelha comunista do Brazil e da Internacional Comunista promoveram um levante golpista contra o Governo de Getúlio Vargas nos quartéis e nas ruas de Recife, Natal e Rio de Janeiro. Em Natal chegou a ser instalado um governo provisório revolucionário, de poucos dias de duração.   (Deus tende piedade de nós!).

Estima-se em cerca de 130 mortos em Recife e Natal e mais de 30 vítimas no Rio de Janeiro. A intentona ocorreu em novembro de 1935 e durou apenas uma semana. Foi derrotada pelas tropas legalistas do Exército.

A insurreição foi liderada pelo ex-capitão Luís Carlos Prestes, em sintonia direta e financiada pelo Politburo da União Soviética. Prestes foi um dos maiores blefes da história do Brazil.

Intentona significa “Intento de loucos”. Depois da derrota da Aliança Nacional, Prestes e sua mulher Olga Benário tomaram um chá de sumiço. Tempos depois foram localizados e presos num subúrbio do Rio. Os revoltosos foram condenados pela Justiça a 9 anos de cadeia.

O presidente Getúlio Vargas concedeu anistia ampla geral e irrestrita a todos os revoltosos durante a redemocratização de 1945

A história da Revolta da Chibata foi um dos capítulos mais perversos da história do Brazil. Incrível imaginar uma Nação que se diz conservadora, cujo povo é chamado de ordeiro e pacífico, tenha vivenciado páginas tão deprimentes logo no alvorecer do século, tempos depois da abolição da escravatura negra.

A Marinha do Brazil era um mar de rosas no começo do século passado, vírgula, para os oficiais brancos; para os marinheiros negros era a continuação da escravidão. Era a cultura do poder.

O marinheiro negro João Cândido, ele e seus irmãos de cor, vivenciaram os suplícios da chibata e dos castigos físicos. Até que resolveram levantar-se em motim contra a tortura.

Os amotinados escreveram uma carta ao governo denunciando as torturas sofridas. A carta chegou às mãos de Rui Barbosa, líder no Congresso Nacional. Rui tocou um projeto de anistia e mandou acabar com os castigos da chibata. Os petistas da época diziam: “SEM ANISTIA”. Os comandantes dos navios, amigos do Véio do Pastoril Encarnado, não gostavam de Rui Barbosa, a quem chamavam de conservador da extrema direita, e tripudiaram sobre a anistia. Rui era um liberal conservador da boa estirpe. Depois de marchas e contramarchas, a anistia triunfou.

Rolaram as águas e tempos depois prevaleceu a anistia plena.

João Cândido foi consagrado pela História como o Almirante Negro, honraria da qual é digno merecedor.

Vale lembrar a anistia de 1979, que contemplou adversários e inimigos do regime, inclusive os que cometeram crimes de sangue. Os vermelhos ortodoxos de hoje, movidos pelo revanchismo e mesquinhez, são contra a anistia. Existe até o argumento surreal de que anistia é inconstitucional. Equivale a dizer que a Constituição é inconstitucional.

*Periodista, escritor e quase poeta

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