Por Magno Martins
Ao arrancar, ontem, num grande sufoco, a vitória do advogado Fernando Ribeiro com uma diferença de apenas 300 votos, o comando da OAB de Pernambuco recebeu um claro e indiscutível recado da categoria: não pode continuar gerindo a instituição em torno de um grupo. Não fosse a forte e poderosa estrutura montada pelo ex-presidente Ronnie Duarte, que comandou nos bastidores, com mão de ferro, a eleição de Fernando, o jovem advogado Almir Reis teria sido eleito.
O postulante da oposição, na verdade, sai da eleição como o grande vitorioso moral. Foi um gigante, quase põe abaixo os poderosos numa campanha limpa, em cima de propostas, recorrendo ao discurso da palavra sóbria do convencimento pela mudança. Com botas de sete léguas, andou o Estado inteiro, venceu no Recife, o maior colégio eleitoral, mas acabou derrotado pela força da máquina da situação com os votos desfavoráveis apurados no Interior.
A alternância de poder é salutar e necessária em qualquer instância e instituições, como a OAB. Ribeiro, presidente eleito, representa os interesses e os compromissos de um grupo que manda e desmanda na Ordem há muito tempo, que não conseguiu passar na campanha uma mensagem que conquistasse a confiança dos associados de que a política de grupos mudaria, principalmente para os mais jovens, que votaram maciçamente na oposição, apostando em novos tempos.
Mesmo derrotado, Almir Reis se transforma, a partir de agora, na maior, mais expressiva e jovem liderança da advocacia pernambucana, com chances de encerrar o ciclo dos poderosos no próximo pleito. Quem venceu a eleição da OAB-PE não foi Fernando, foi a máquina, o aparelhamento da instituição. O termo “aparelhamento” aplica-se à tomada de controle de órgãos ou setores da administração pública por representantes de grupo de interesses corporativos ou partidários, mediante a ocupação de postos estratégicos das organizações do Estado, de modo a colocá-las a serviço dos interesses do grupo.
O pequeno Almir de estrutura física, mas de espírito gigante de guerreiro, por pouco não quebra também esse aparelhamento, observado no Estado, hoje, em quase todas as instituições representativas da sociedade sob o viés de um falso e intragável socialismo de mentirinha.