Muita gente se pergunta se haverá alguma tentativa de conciliação, porque o Brasil está dividido ao meio. Mas, pelo jeito, não. A julgar pelas declarações de Lula e de Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, que praticamente chamam os manifestantes bolsonaristas de criminosos, de terroristas – até um ministro do STF já fez um pré-julgamento usando esses adjetivos –, dificilmente eles vão querer pacificar. Vão é agregar mais problemas de um lado e de outro. Até porque um lado já estava chutando a cabeça do atual presidente, chamando de genocida. Então, tudo isso já estava plantado.
E depois virá o ingrediente da economia. A parir do dia 1.º, a gasolina e o diesel já ficam mais caros. Os caminhoneiros certamente não vão gostar, quem votou em Lula não vai gostar. Num segundo governo Bolsonaro, a isenção de PIS/Cofins sobre combustíveis seria mantida, mas Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, já pediu para não renovar a medida, porque precisa de mais arrecadação para bancar a gastança. O novo governo só pensa em gastar, não em cortar. Nada de cortes; vão gastar com picanha, com cerveja, e alguém tem de pagar. E quem vai pagar é o contribuinte direto ou indireto, aquele que paga por meio da inflação ou dos impostos embutidos naquilo que ele compra. E é claro que os preços vão subir: se encarecer o diesel, vai encarecer o transporte, o frete e tudo o que é transportado. Isso é uma consequência óbvia já esperada. (Por Alexandre Garcia)